Painel de azulejos que revestia parte do prédio da reitoria da Universidade Federal da Paraíba possivelmente é de autoria de Athos Bulcão. Artista importante do modernismo brasileiro, é especialmente conhecido pela grande quantidade de painéis que revestem diversos prédios no plano piloto em Brasilia. O projeto é do arquiteto Acacio Gil Borsoi.
As imagens da destruição chocam pelas redes sociais. Fotos do prédio projetado pelo arquiteto brasileiro, radicado em recife, Acacio Gil Borsoi, aparecem sem os azulejos que revestiam as paredes. Com o prédio em cimento nu, a superintendência de infraestrutura da universidade justificou a destruição do painel por conta de supostas infiltrações, problemas estruturais, e que “os azulejos estavam velhos, com mais de 45 anos e com uma qualidade abaixo da esperada”, conta reportagem do G1. A superintendência ainda diz que tomou uma “decisão técnica”, na qual ouviu engenheiros e arquitetos e que o ato não seria irregular porque existem outras obras do mesmo arquiteto na UFPB.
Com os cacos espalhados pelo chão, as alegações da universidade não convencem, o arquiteto Fabiano Melo, vice-presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), destaca que a destruição do painel se configura em uma séria falha ética e moral. “Do ponto de vista legal, não há nenhum crime, porque o edifício não era tombado. Mas se tratava de uma obra muito importante, de um autor muito famoso [atribui a obra a Acacio Gil Borsoi], que deveria ter sido preservada”, comenta.
Fabiano ainda diz que falta sentido nos argumentos apresentados pela superintendência, a solução adotada em todo o mundo para lidar com azulejos velhos, com valor artístico e histórico, é a restauração cuidadosa, não a destruição. “Imagina se a gente fosse rasgar uma tela de Di Cavalcanti apenas porque existem outras? Não faz o menor sentido um argumento desses”, critica o arquiteto.
Outras pessoas também criticaram o ato da UFPB, como o professor Marcelo Coutinho, que publicou as fotos que viralizaram. “Era parte integrante de um projeto de inequívoca importância para a história da arquitetura brasileira”.