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Reunião do Consuni da UFPB ocorre a portas fechadas e com PMs no campus

Foto: ParlamentoPB.
Por Morgana Martins, redação do Universidade à Esquerda
22 de novembro, 2022 16:08

Na quarta-feira da semana passada (16), o Conselho Universitário da Universidade Federal da Paraíba (Consuni/UFPB) se reuniu de portas fechadas para a comunidade acadêmica e com a presença de policiais militares armados no campus. A Assessoria de Comunicação da Reitoria (Ascom) não publicou nada sobre o ocorrido. 

Apenas os integrantes do Consuni puderam participar da reunião após a publicação, no dia 10 de novembro, da Portaria nº 356/2022 que define as regras para a realização das reuniões presenciais do Consuni. 

A Portaria define que apenas 24 pessoas que não integram o Conselho podem estar presentes, mediante inscrição até às 16h do dia anterior à reunião. Se tiver mais de 24 inscritos, a decisão de quem poderá participar é feita através de sorteio. 

Podemos avaliar essa portaria publicada pelo reitor Valdiney Gouveia como uma forma de limitar as manifestações políticas durante a reunião do Consuni, uma reunião central para a comunidade universitária acompanhar, já que define muito do cotidiano e da política para a universidade. 

A União Nacional dos Estudantes (UNE) noticiou que foi a primeira reunião do Consuni após o reitor ter sido cercado por estudantes que protestavam contra a proibição de manifestações políticas no campus I, em João Pessoa, e precisar sair da universidade escoltado por seguranças. Isso ocorreu no dia 30 de setembro de 2022. 

Valdiney foi o candidato com menos votos na consulta pública à Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e nomeado como reitor da instituição pelo presidente Jair Bolsonaro. Em nosso Jornal os leitores podem pesquisar “UFPB” e conferir as diversas notícias sobre as mobilizações contra essa nomeação.

Leia também: Bolsonaro nomeia último colocado na consulta pública como reitor da UFPB

O presidente da Associação dos Docentes da UFPB (ADUFPB), Cristiano Bonneau, foi um dos impedidos de entrar na reunião. A ADUFPB publicou em seu Instagram que “Cristiano questionou o porquê de não poder entrar e o chefe de gabinete da reitoria, Pablo Nogueira, informou que a reitoria decidiu por fechar a reunião apenas para os membros do conselho e inscritos”. 

Estava programada para a reunião do Consuni uma intervenção da Plenária do Comitê de Mobilização pela Autonomia e contra Intervenção na UFPB, que iria exigir que os conselheiros pautassem a discussão do “Dossiê da Intervenção”. 

O documento, segundo a ADUFPB, “foi elaborado pelo Comitê contra a Intervenção e protocolado na reitoria em agosto do ano passado. O documento de 35 páginas, dividido em cinco eixos, reúne e sistematiza fatos registrados após a posse do interventor Valdiney Gouveia, em novembro de 2020, e denuncia o autoritarismo e o caráter antidemocrático do processo de intervenção na UFPB”.

A presença de PMs na universidade durante um Conselho Universitário é muito grave e denuncia o caráter da política executada pela reitoria da UFPB. Isso não pode passar como um evento sem significado e as consequências políticas tanto do ocorrido quanto da portaria que limita a participação no Consuni precisam ser discutidas e avaliadas amplamente pelas categorias em luta da UFPB. 


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