Operárias das fornecedoras da LG Eletronics estão em greve há 18 dias lutando para manter seus empregos. A continuidade das produções da Blue Tech, Sun Tech e 3C dependem da permanência da LG em Taubaté (SP) — as três empresas são fornecedoras diretas da multinacional.
A LG anunciou no dia 5 de abril que deve encerrar a produção de smartphones em todo o mundo. No Brasil, a medida afetaria diretamente a fábrica da empresa em Taubaté (SP) e três principais fornecedores na região.
Nesta quinta-feira (22), as operárias das fornecedoras realizaram novo protesto em frente à LG. No mesmo dia, em assembleia, as trabalhadoras da categoria decidiram pela continuidade da greve.
As trabalhadoras convocam os funcionários da própria LG à unidade de luta. Os trabalhadores da LG entraram em greve no dia 12, mas aceitaram os termos da negociação nesta segunda-feira (19). O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau), que representa os funcionários da LG, é filiado à CUT.
Além de convocar unidade na greve entre os trabalhadores de todas as empresas afetadas, as operárias das fornecedoras lutam pela abertura de negociação para garantir empregos e direitos.
A direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, filiado a CSP-Conlutas, busca abertura de negociação para tentar alternativas às demissões. Com o fechamento iminente das três fábricas, 430 trabalhadoras seriam demitidas.
Mas há duas semanas, a LG recusou abrir negociação com o Sindmetal-São José dos Campos e região. A medida contraria a proposta apresentada pelo Ministério Público do Trabalho, em audiência realizada no dia 9.
Segundo Atnágoras Lopes, dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, “A luta em primeiro lugar é em defesa dos empregos. Se a LG insistir em manter o fechamento, o caminho certo seria a luta unificada junto com os trabalhadores da LG de Taubaté pela estatização da fábrica. Infelizmente, a unidade não existe mais. Cobramos da LG a responsabilidade social sobre as trabalhadoras das empresas fornecedoras”.
As três fornecedoras produzem cerca de 95% dos celulares da multinacional sul-coreana, no Brasil. Durante a greve, estima-se que ao menos 270 mil aparelhos deixaram de ser fabricados.
Segundo Renato Almeida, vice-presidente do Sindicato, “Esta luta não pode ser só das trabalhadoras dessas fábricas. Deve ser de toda a sociedade. A LG sempre recebeu benefícios fiscais e agora, em plena pandemia, não pode simplesmente fechar as postas e colocar na rua mais uma legião de trabalhadores. Vamos continuar lutando, pressionando governos e empresas para que esses empregos sejam preservados”.
Trabalhadora da Sun Tech e diretora do sindicato, Aline Bernardo dos Santos combate as demissões. “Somos nós que produzimos a riqueza dessas fábricas e da LG. Não é justo que sejamos descartadas, apenas para manter os lucros dos patrões. Nossa luta vai continuar por empregos e direitos”.
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