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Opinião

O discurso dos privilégios a serviço de confundir os trabalhadores

Cartaz de divulgação do debate Por que a Reforma Administrativa é um ataque a todos os trabalhadores?”, com a Prof. Dra. Selma Venco. Por UàE.
Por Clara Fernandez, redação do Universidade à Esquerda
15 de agosto, 2021 Atualizado: 19:48

No dia 17/08, às 18h, a Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora (EFoP) realizará o debate: “Por que a Reforma Administrativa é um ataque a todos os trabalhadores?”, com a Prof. Dra. Selma Venco. Até lá, o Universidade à Esquerda irá publicar diversos textos para contribuir com as discussões. O evento visa trazer questões que possam ser úteis às mobilizações que têm sido organizadas para combater a Proposta de Emenda Constitucional 32/2020, que pretende atacar o regime de trabalho dos servidores públicos. 

O que se entende como privilégios do serviço público?

Férias mais amplas, licenças, remuneração e principalmente a estabilidade, são todos fortemente atacados como privilégios dos servidores públicos pela grande mídia, os capitais e governos mais abertamente de direita, que ressaltam que estes direitos acabam por diferenciar os trabalhadores do serviço público, do serviço privado. Alguns debates precedentes neste jornal já explanaram como a configuração do modelo de trabalho do funcionalismo, principalmente a estabilidade, o direito mais ferozmente atacado, é algo essencial para que trabalhadores possam realizar com zelo a função pública, colocando-a a frente de interesses pessoais ou de terceiros.

Neste texto, eu gostaria de debater de forma mais específica as diversas modalidades de gratificações e adicionais que estes trabalhadores recebem, com uma maior abrangência do que os trabalhadores do âmbito privado, como por exemplo, insalubridade, serviço noturno, auxílio creche, ajuda de custo para uso de veículo próprio, ocasiões especiais, adicionais por tempo de serviço, entre outros.

Estes adicionais, pelos trabalhadores, são entendidos como direitos e geralmente são fruto de negociações de processos de luta contra desmontes ou melhores condições de trabalho; pelos patrões e governantes, são tratados como privilégios. Mas quando olhamos as implicações reais que esse tipo de política têm, vemos que na verdade sua função é um pouco mais complexa, e elas acabam a serviço das políticas de rebaixamento de remuneração de trabalhadores nos âmbitos público e privado.