Notícia
Diversas entidades e categorias participam da construção da Greve Nacional da Educação
Nesta segunda-feira a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está iniciando sua terceira semana de greve. Após Assembleia Estudantil com cerca de 2 mil estudantes, o corpo discente deliberou a construção de uma Greve Nacional da Educação, a rejeição integral do projeto Future-se e a revogação imediata dos cortes nas despesas discricionárias das IFEs e nas bolsas de pesquisa.
As mobilizações iniciadas na UFSC tem se espalhado por todo o país. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) deliberou a construção da Greve a partir da próxima quarta-feira (2); a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aprovou estado de greve a desde a última quinta-feira (26/09); e o Campus Jaguarão da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) está em greve desde 17/09.
Além disso, uma comitiva com estudantes do Movimento UFSC Contra o Future-se dirigiu-se às atividades do I Congresso Estudantil da UFFS, no qual puderam dialogar com os discentes sobre o processo de mobilização da UFSC e acerca da ocupação contra o interventor Marcelo Recktenvald – cuja nomeação desrespeitou a lista tríplice – que ocorreu do dia 30 de agosto à 20 de setembro. Hoje pela tarde na UFFS ocorrerá uma sessão aberta do Conselho Universitário pautando o encaminhamento do pedido de destituição do Reitor. À noite, todos os campi realizarão Assembleias Estudantis, pautando, dentre outros, a construção da Greve Nacional da Educação.
Os docentes do campus Curitibanos da UFSC, após a Assembleia do dia 23/09, escreverem uma carta exigindo recomposição integral dos orçamentos de 2019 e 2020, pautando a contrariedade aos cortes nas bolsas de pesquisas, o respeito às indicações de lista tríplice de nomeação dos cargos de reitoria, e defendendo a autonomia didático-administrativa das universidades, entre outros.
Leia a carta na íntegra: http://novocbs.paginas.ufsc.br/files/2019/09/Carta-docentes.pdf
Também manifestaram publicamente o apoio ao estado de greve deliberado pelos estudantes do Campus, afirmando reconhecer a legitimidade da luta estudantil contra os cortes na educação. Leia a Moção na íntegra:
Nós, professores e professoras da Universidade Federal de Santa Catarina, lotados no campo/s de Curitibanos nos reunimos em assembleia no dia 23 de setembro de 2019 no Centro de Ciências Rurais (CCR), sala CCl101 às 13 horas e 30 minutos, declaramos apoio ao “estado de greve” decidido pelos estudantes do campus e reconhecemos a legitimidade de sua luta contra o contingenciamento do orçamento, que pode vir a prejudicar a Assistência Estudantil e consequentemente a permanência de muitos estudantes em seu local de formação. Solidarizamo-nos e também nos colocamos contra as campanhas de difamação e o desrespeito das quais os estudantes têm sido vítimas. Nesse sentido, a assembleia solicita que os acadêmicos enviem o cronograma de atividades do “Estado de Greve” e recomenda aos docentes que considerem esse cronograma de acordo com as orientações da Câmara de Ensino, publicadas em nota datada de 1 1 de setembro de 2019, a saber:
“A Câmara de Graduação, em reunião realizada nesta data, encaminha a comunidade académica a seguinte orientação:
- Propor no âmbito dos Colegiados de Cursos, Departamentos e dos Conselhos de Unidades, medidas que permitam a avaliação constante das consequências resultantes do movimento de estudantes, sugerindo, quando for o caso, ações de mitigação de possíveis conflitos;
- Agir com cautela, equilíbrio e serenidade, sempre propondo diálogos e condutas que possam estabelecer condições de interlocução qualificadas
- Sugerir que não sejam realizadas atividades avaliativas até a apreciação e deliberação do Egrégio Conselho Universitário sobre as proposições apresentadas na referida assembleia”
Como medida de apoio, foi criada na assembleia a Comissão de Ações Conjuntas, com o objetivo de planejar e organizar ações, e de fortalecer e estabelecer um diálogo permanente com as demais categorias (técnicos administrativos em educação e discentes), bem como encontrar soluções para reduzir eventuais prejuízos causados aos estudantes durante o “estado de greve.
Assembleia dos professores do campus de Curitibanos Curitibanos, 26 de setembro de 2019.
Ademais das Universidades, outras categorias tem feito mobilizações. Em plenária nacional da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnicos Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA) nos dias 14 e 15 de setembro, foi aprovado orientação às bases pela construção de greve por tempo indeterminado; na UFSC, os Técnicos-administrativos aprovaram na última quinta (30/09) a construção da greve; e o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (SINTRASEM) redigiu uma carta de apoio à greve na UFSC.
A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS redigiu uma carta de apoio à greve discente da UFSC, afirmando a necessidade de luta em defesa da universidade pública e das atividades de pesquisa para exercício de sua função social. Leia na íntegra:
A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa – ABEPSS manifesta seu apoio à greve estudantil da graduação e da pós-graduação da Universidade Federal de Santa Cataria. As assembleias estudantis da graduação, que reuniram mais de 5 mil estudantes, e da pós-graduação que reuniram mais de 500 estudantes, foram um marco para o movimento estudantil e mostram a preocupação e o compromisso das e dos estudantes da UFSC com a luta e a defesa da universidade pública.
A ABEPSS atua na defesa da educação como direito social o que significa a defesa da universidade pública, gratuita, democrática e socialmente referenciada para uma formação profissional e acadêmica crítica e atenta ao movimento da realidade. Essa formação só será possível com atuação firme e responsável daqueles que vivenciam a universidade e sabem da função social que ela possui.
Ressaltamos o comprometimento da ABEPSS com o movimento estudantil nas lutas sociais e políticas junto às organizações representativas da categoria e da sociedade civil, na afirmação de direitos e na manutenção e ampliação do Estado democrático de direito, conforme inscrito na Constituição Federal de 1988.
Consideramos que os cortes orçamentários de 2019 e sua proposta apresentada para o ano de 2020 bloqueiam a estrutura e o funcionamento das universidades brasileiras, acarretando de imediato a extinção das bolsas e de auxílios para a permanência dos estudantes na graduação e na pós-graduação, e consequentemente, o desmantelamento do tripé ensino, pesquisa e extensão.
O projeto “Future-se”, proposto pelo atual governo, prioriza o financiamento de pesquisas aliadas ao mercado financeiro, conferindo uma lógica subalterna à produção de conhecimento nas áreas das Humanas e das Ciências Sociais Aplicadas, em especial, as pesquisas no âmbito do Serviço Social brasileiro, que tratam sobremaneira dos direitos humanos, sociais e das políticas públicas.
Resistir e avançar é imprescindível nesta conjuntura de ataques às liberdades democráticas, de ascensão do conservadorismo e de banalização dos direitos fundamentais, conquistados por uma geração que deixou vidas e empenhou lutas pela sua conquista. Precisamos da ousadia daqueles que sabem e reconhecem que tais garantias são as bases para que essa e as futuras gerações construam uma sociedade mais justa. A educação pública é imprescindível para essa construção.
A ABEPSS manifesta seu apoio e solidariedade ao movimento estudantil que não se esmorece na ousadia de lutar e de defender a educação brasileira. Também se junta ao movimento por meio de sua Campanha “Formação com qualidade é educação com direitos para você. Graduação em Serviço Social, só se for legal, crítica e ética” em conjunto com as entidades profissional e estudantil do Serviço Social Brasileiro,
Que a luta pela defesa da Universidade pública, contra o Future-se e contra os cortes na Educação ganhe todas as universidades brasileiras!
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa – ABEPSS.
Se a sua Universidade ou categoria está com mobilizações e atividades, entre em contato conosco por meio da página para podermos noticiar! O Universidade à Esquerda é um instrumento que visa contribuir com notícias e debates que contribuam para as disputas travadas pela classe trabalhadora a nível nacional.