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Opinião

Entidades estudantis integram equipe de transição do governo Lula

Por Morgana Martins, redação do Universidade à Esquerda
30 de novembro, 2022 20:09

Algumas entidades estudantis estão participando do conselho consultivo do governo de transição de Luís Inácio Lula da Silva (PT), como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (FENET). Essas informações precisam circular e ocupar diversas outras entidades estudantis a questionar o significado disso para o futuro das lutas.

A FENET está participando do Grupo de Trabalho (GT) de Juventude. “Através da nossa Plataforma Eleitoral produzida pela nossa diretoria e grêmios estudantis vamos apresentar o que os estudantes de ensino técnico querem para o Brasil!”, escrevem em seu Instagram. A entidade é ligada à Unidade Popular (UP), um dos partidos que lançou candidatura própria para as eleições de 2022.

A UNE também faz parte do GT de Juventude, que é o seguinte: 

  • Bruna Chaves Brelaz, presidenta da UNE
  • Gabriel Medeiros de Miranda, subsecretário de Juventude do Rio Grande do Norte, ex-diretor de Universidades Públicas da UNE
  • Jilberlandio Miranda Santana, presidente da União da Juventude Socialista do Espírito Santo;
  • Kelly dos Santos Araújo, secretária-geral da Juventude do PT
  • Marcus Barão, presidente do Conselho Nacional da Juventude
  • Nádia Beatriz Martins Garcia Pereira, secretária Nacional de Juventude do PT
  • Nilson Florentino Júnior, secretário Nacional Adjunto da Juventude do PT
  • Tiago Augusto Morbach, presidente Nacional da União da Juventude Socialista (UJS)
  • Sabrina Santos, membro da União dos Moradores de Heliópolis (UNAS)

Ao mesmo tempo, fazem parte do GT de educação nomes como Priscila Cruz, presidente executiva do Todos pela Educação. O Todos pela Educação foi lançado em 2006 e é o maior movimento de capitais nas disputas educacionais do país. 

Entre seus fundadores, encontramos as Organizações Globo, o Itaú/Unibanco, o Bradesco, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Grupo Votorantim, a Odebrecht, a Telefônica e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

Algumas organizações questionaram a participação das entidades estudantis, como o Rebeldia, juventude do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), a qual afirmou que “as organizações estudantis têm que se manter com independência do futuro governo para lutar e defender as reivindicações dos estudantes. Não é aceitável que o movimento estudantil, instrumento de organização, resistência e luta dos estudantes, e que por isso deveria ser independente politicamente da burguesia e de seus aparatos, esteja à disposição de uma equipe como essa, responsável por gerir o regime burguês”. 

Já o jornal Esquerda Diário, do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), questiona: “Onde estava a UNE quando na época dos governos Lula e Dilma surgiu o maior monopólio de educação do mundo, Kroton-Anhanguera? Só esse conglomerado cresceu seus lucros em mais de 20 mil por cento de 2010 a 2014, saltando de 85.988 alunos matriculados em 2010 e, passados quatro anos, chegando a 1 milhão”. 

Sobre a participação da Unidade Popular (UP) através da FENET, o texto de Pedro Cheuiche no Esquerda Diário afirma que por trás do discurso radical e combativo do partido está a velha conciliação de classes stalinista. 

A título de experiência imaginativa, podemos pensar: o que fariam essas entidades entidades hoje integram a equipe de Geraldo Alckmin em 2015, quando o mesmo propôs a “reorganização escolar” para as escolas de São Paulo, que previa o fechamento de 93 escolas, demissão de professores e separação para que escolas oferecessem apenas um dos ciclos da educação? Qual a possibilidade dessa entidade defender as ocupações massivas estudantis que tiveram na época?

É importante não perder de vista esses elementos e participações como essas para avaliar quais são as condições para o futuro do movimento estudantil em nosso país. Cabe questionar as razões que levam as entidades estudantis a ocupar essa equipe de transição e exigir respostas, para que as lutas não fiquem à mercê do governo e nem de entidades estudantis que não apostam na luta cotidiana como forma de construção de um outro projeto de educação.

Os textos de opinião são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, as posições do Jornal.


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