Notícia
Em 2021 foram realizadas 721 greves no país, segundo DIEESE
Maioria foi no setor privado (65%) e buscava proteger as condições de trabalho vigentes (88%)
Os trabalhadores brasileiros deflagraram 721 greves em 2021, segundo o Sistema de Acompanhamento de Greves do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). O número é ligeiramente superior ao registrado em 2020 (649), mas muito inferior ao registrado em 2016, quando os trabalhadores deflagraram o maior número de greves em um ano (2.093).
As greves no Brasil apresentavam tendência de alta desde 2011. Em 2013, 2014 e 2016, no ápice do da ascensão, foram registrados mais de 2 mil greves anuais. Desde 2017, contudo, o número de greves vêm caindo ano a ano.
Em 2021, a maior parte das greves foi deflagrada por trabalhadores do setor privado (65%). No entanto, em número total de horas paradas, as duas esferas, pública e privada, computaram o mesmo patamar: 16 mil horas cada. Em 2016 foi registrado, ao todo, mais de 140 mil horas paradas, o maior número da série histórica.
A maioria das greves foi encerrada no mesmo dia de sua deflagração (56%) ou entre dois a cinco dias de greve (25%).
Dentre as táticas adotadas, 60% foram de greves por tempo indeterminado, 38% greves de advertência e 2% não tiveram informação. A primeira forma condiciona o encerramento ao atendimento da pauta ou abertura de negociações, a segunda define o tempo de duração antecipadamente.
No quesito abrangência, 66% das greves se limitavam ao âmbito da empresa ou unidade. Um terço (33%) das greves abrangeram toda uma categoria profissional.
Dentre o total de greve, a maioria (88%) buscava proteger as condições de trabalho vigentes. As principais reivindicações foram: pagamento de salário e/ou férias atrasado (35%), reajuste salarial (28%), alimentação (26%), condições de segurança (16%) e condições de trabalho (10%).
O Dieese também buscou obter informações acerca do desfecho. De 278 greves com informação disponível, 73% lograram algum êxito — 47% parcialmente, 25% integralmente.
O caráter das greves varia de acordo com a esfera. Na esfera privada, prevalece o caráter defensivo (92%), que busca preservar certos direitos, e propositivo (23%). Nas empresas estatais, a maioria (94%) também foi defensiva, mas metade (49%) também apresentava caráter de protesto político e 38%, itens propositivos.
No que tange às pautadas defensivas, a maioria das greves no setor privado (67%) lutava contra o descumprimento de direitos. Nas empresas estatais, a manutenção das condições vigentes esteve presente em 91% das greves.
Os dados completos estão disponíveis no site do Dieese.