São mais de 400 dias de intervenção do Ministério da Educação e do governo Bolsonaro sobre o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Maurício Gariba Júnior, reitor eleito democraticamente em 2019, deve tomar posse após ser inocentado de processo que seguia em andamento na Controladoria Geral da União (CGU).
O governo federal já interviu em mais de duas dezenas de institutos e universidades federais desde 2019, em cada cenário usando alguma “justificativa”. No IFSC, o argumento usado pelo MEC era de que o reitor eleito não poderia ser empossado devido a tramitação de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na CGU.
Na noite desta segunda-feira (24), a CGU divulgou o resultado do PAD contra o professor Gariba. Resultado: o reitor eleito foi absolvido de todas as acusações. Sem esse empecilho, a comunidade do IFSC espera agora que o MEC emposse de uma vez por todas o reitor eleito.
Segundo a equipe do reitor eleito, a posse de Maurício Gariba Júnior pode ocorrer a qualquer momento. Com o resultado do PAD absolvendo o reitor eleito, caem por terra os argumentos administrativos que impediram, desde abril de 2020, que toda a equipe eleita em 2019 assumisse a gestão da reitoria do IFSC.
Mas para o reitor eleito, os problemas não devem se encerrar numa possível e esperada posse. O reitor terá novos desafios à sua espera, sobretudo no que tange à má gestão da pandemia na política interno do IFSC durante o período de intervenção.
Os treze meses de gestão do interventor André Dala Possa deixaram marcas profundas de fragilidade e adoecimento na comunidade acadêmica, as quais se somam aos efeitos da pandemia na vida de cada servidor e estudante.
Porém, segundo Gariba, a posse da equipe eleita deverá simbolizar a volta do espírito democrático ao IFSC. “É a vitória da democracia sobre o autoritarismo. Precisaremos rever diversas posturas de gestão e recuperar, aos poucos, os danos que a intervenção causou aos docentes, técnicos e discentes da instituição”, destaca.
Na base do golpe
Em dezembro de 2019, André Dala Possa concorreu ao posto de reitor do Instituto Federal de Santa Catarina. André perdeu a eleição mas foi nomeado ao cargo em maio deste ano. Para barrar a transição do reitor eleito e se manter no cargo, o interventor usa de manobras antidemocráticas que contrariam até mesmo decisões do próprio Conselho Superior da instituição.
Indicado pelo Ministério da Educação (MEC) para o cargo de reitor pro tempore (temporário) do IFSC, André não apenas têm barrado a transição da reitoria eleita, como suas ações acabam atravancando as discussões sobre o funcionamento do instituto durante a pandemia.
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