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Situação orçamentária da UFRJ se agrava 

Identidade visual da UFRJ.
Por Martim Campos, redação do Universidade à Esquerda
05 de agosto, 2022 09:33

Enquanto mantém suas atividades de pesquisa, ensino e extensão, as universidades em todo o país passam por um período crítico de cortes bruscos em seus orçamentos. As reitorias lidam com verbas reduzidas a partir dos cortes implementados pelo MEC neste ano e muitas já estão planejando o parcelamento de suas dívidas com as despesas mais básicas, como luz e água, além de suspensão de novos contratos e aumento de demissões de servidores. Um levantamento feito pelo jornal O Globo indicou que cerca de 17 instituições federais correm o risco de parar suas atividades até o fim do ano, entre elas a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

No mês de junho (15/06), a Reitoria da UFRJ anunciou que com os novos bloqueios que se tornaram em seguida em cortes efetivos no orçamento da universidade, a universidade não iria conseguir manter suas atividades nos próximos meses. 

Leia também: UFRJ tem verba para funcionar somente até agosto deste ano

A situação se agrava nesse momento por conta da dificuldade em planejar em como concluir as atividades até o fim do ano de 2022 sem deixar dívidas para o próximo ano (2023), que contará com um orçamento discricionário ainda menor do que o do início deste ano. 

Segundo o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Eduardo Raupp, as decisões tomadas agora em 2022 amarram e antecipam o encerramento das atividades para o ano de 2023 que não contará com reposição orçamentária. 

“Nós estamos, hoje, com uma dotação orçamentária na casa de R$ 308 milhões, mas nós abrimos o ano com R$ 329 milhões. Tivemos um corte de R$ 23 milhões, dividido em duas fontes: R$ 11 milhões na fonte do Tesouro e R$ 12 milhões nas receitas próprias”.

Afirma o pró-reitor.

Com os cortes, a previsão de funcionamento da universidade é até setembro deste ano. 

Algumas das ações imediatas para conter a paralisação completa da universidade no momento foram, de acordo com o Conexão UFRJ, a suspensão das diárias, passagens e auxílios capacitação; suspensão de aditivos contratuais em curso; avaliação das obras em andamento, para que nenhuma delas pare; e não recomendação para nenhuma contratação.

O vice-reitor da universidade Carlos Frederico Rocha, que presidiu a sessão no Consuni, afirmou que apesar dos cortes a instituição não retornará ao ensino remoto, assim como não haverá parada parcial de funcionamento e a UFRJ. 

Além da UFRJ, as universidades que estão dentro do levantamento do jornal Globo que contam com risco de fechar suas portas antes do fim de 2022, estão as universidades federais mineiras de Alfenas (Unifal) e de Lavras (UFLA), a rural do Rio de Janeiro (UFRJ e UFRRJ), e das federais de Brasília (UNB), da Bahia (UFBA), do Pará (UFPA), de Santa Catarina (UFSC), da Grande Dourados (UFGD), de Sergipe (UFS), de Alagoas (Ufal), de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), do Rio Grande (Furg), do Rio Grande do Norte (UFRN), de Jataí (UFJ) e a Universidade Federal para a Integração Latino-Americana (Unila), que está em fase de implantação.

Ainda que mantenham suas portas abertas, as universidades encontram-se cada vez mais precarizadas, com suas estruturas inadequadas por conta da falta de reparos e serviços de limpeza e manutenção. Os laboratórios e salas de aula possuem cada vez menos condições de serem ambientes propícios para o avanço da pesquisa no país. A vida da universidade pública é assim estrangulada com ferocidade, com o desmonte de toda a riqueza investida nas instituições, com um horizonte assustador quanto às expectativas futuras. 

É por isso que precisamos lutar pela universidade pública com uma ferocidade ainda maior, tomando em nossas mãos sua defesa e aquilo que pertence à classe trabalhadora.

Se você deseja contribuir com relatos sobre a situação da sua universidade, mande o seu relato para nós através do Painel do leitor. 


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