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Leilão determina a concessão de espaço da UFRJ à iniciativa privada por 30 anos

Imagem: UFRJ
Por Aline Cristina Fortunato Cruvinel, redação do Universidade à Esquerda
28 de fevereiro, 2023 Atualizado: 00:28

No dia 2 de fevereiro de 2023 foi realizado no Rio de Janeiro o leilão que definiu a concessão do espaço do novo Canecão para a iniciativa privada, por um período de 30 anos. O novo Canecão se refere a uma área de 15 mil m² que integra o campus da Praia Vermelha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento chegou a ser interrompido por cerca de uma hora por manifestantes contrários à privatização do espaço público da universidade, dentre eles membros do ANDES-SN, da Sintufrj, do DCE Mário Prata e da Fasubra, integrando o movimento “A UFRJ não está à venda!”.

O consórcio Bonus-Klefer venceu a disputa pela concessão com um lance final de R$4,35 milhões, contra os R$4,050 milhões oferecidos pela W Torre Entretenimento e Participações. Conforme ressaltou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável pelo leilão, a proposta vencedora representa quase 700% do valor mínimo de outorga indicado pelo edital, que era de R$625.000,00. O consórcio em questão é composto pela Bonus Track Entretenimento, empresa dos produtores Luiz Oscar Niemeyer e Luiz Guilherme Niemeyer, e pela Klefer Entretenimento e Participações, empresa de Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo.

A concessão de 30 anos, sem limite de prorrogação, prevê investimentos de R$137,7 milhões em instalações acadêmicas e culturais. O projeto a ser construído na área, denominado de Equipamento Cultural Multiuso, abrange a construção de um complexo cultural composto por um local para espetáculos, uma galeria de exposições, uma sala de ensaios e o Espaço Ziraldo, para exposições e apresentações.

O local concedido à iniciativa privada hoje abriga projetos de extensão e unidades de saúde mental. Apesar de Carlos Frederico Leão Rocha, reitor da UFRJ, alegar que o projeto devolverá um espaço cultural ao Rio de Janeiro e que as contrapartidas trarão benefícios à universidade, integrantes do movimento “A UFRJ não está à venda!” indicam que não houve transparência no processo de concessão. Para o movimento, a entrega do patrimônio público para o setor privado não é a solução para problemas orçamentários e a reabertura do Canecão deve ser realizada de forma democrática e popular.


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