O reitor-interventor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Carlos Bulhões, desligou 190 estudantes cotistas da Universidade na semana passada.
Após o final do primeiro semestre de 2021, Carlos Bulhões abriu um processo no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) que promoveu a expulsão de dezenas de estudantes com matrículas provisórias.
As matrículas “indeferidas” na UFRGS foram implementadas em 2017 pelo reitor Rui Oppermann. Após o processo de entrada na Universidade, os estudantes cotistas que ainda estiverem com os documentos em análise durante a matrícula presencial devem efetuar a matrícula provisória, ou matrícula “precária”, como nomearam os estudantes da Universidade. Estes calouros só tem a segurança da matrícula efetiva após a finalização do processo de avaliação realizado pela Reitoria, sem datas pré-determinadas.
Os 190 calouros com matrícula indeferida neste semestre, de acordo com a Comissão Coordenadora de Ingresso em Cursos de Graduação da UFRGS, já estão participando das atividades da Universidade desde o início do ano. No entanto, com a pandemia do coronavírus, não houve desligamentos no semestre 2020/2, e a Comissão justifica a massa de indeferidos por este atraso.
Segundo abaixo-assinado do corpo universitário da UFRGS, as exigências burocráticas da Reitoria em relação aos cotistas impedem estes de efetivarem a matrícula. Em um dos casos, foi requisitado da estudante uma comprovação de renda de seu irmão de oito anos. Outra estudante permaneceu por mais de um ano com sua matrícula indeferida, quando então a Reitoria apresentou um prazo de 24 horas para a entrega de documentos que não eram de seu conhecimento. Em todos os casos os calouros reclamaram dos curtos prazos apresentados pela Reitoria para a entrega dos documentos.
Uma manifestação ocorreu hoje pela manhã na Universidade, onde os estudantes entregaram para a Reitoria uma carta de reivindicações sobre o processo de entrada dos calouros cotistas.
A comunidade universitária da UFRGS exige a matrícula integral dos calouros que foram desligados. Entrevistados pelo jornal Sul 21, os estudantes no ato afirmaram que a UFRGS é uma das poucas Universidades do país que não estabelece um prazo para a análise da documentação. Dessa forma, estudantes esperam por meses ou anos pela efetivação da matrícula e, se indeferida, esta vaga não é disponibilizada para outro candidato.