Estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF) conquistaram o pagamento das bolsas de assistência estudantil atrasadas pela reitoria.
Por cinco meses, diversos alunos e alunas da instituição ficaram sem o pagamento das bolsas para os quais haviam sido selecionados. Foram, ao todo, dez mil discentes que tiveram seus pedidos deferidos para as três mil ofertas de bolsas e seis editais de bolsas e auxílios em atraso de pagamento.
Ou seja, desde o início do atual semestre letivo da UFF, estudantes em situação de vulnerabilidade econômica não puderam contar com o direito de receber os auxílios da UFF.
Nas redes sociais, estudantes cobram transparência da reitoria no destino do orçamento para as bolsas:
“No dia 16/06/2022, quatro meses após o retorno das aulas presenciais, o resultado final do Edital para Assistências Estudantis 2022 foi publicado na página oficial da UFF, e para o infortúnio de alguns alunos comprovadamente em situação de vulnerabilidade socioeconômica, deferidos de acordo com os próprios requisitos da PROAES, não foram contemplados com as bolsas e auxílios. Após mobilização interna das partes prejudicadas e comoção da população acadêmica, a Reitoria “descobriu” 4 milhões de reais para a oferta de mais 1.000 bolsas.” — dizem os estudantes em nota na página @arraiadopovouff, no Instagram.
Contando com o valor das bolsas para manterem-se na universidade, o atraso nos pagamentos relega à vulnerabilidade aqueles que já estavam muito vulneráveis, com risco de evadir do sonho de estar em uma universidade pública.
Muitas políticas de permanência foram atacadas nas universidades públicas nos últimos anos. Neste jornal, veiculamos as ameaças de aumento dos preços e fechamentos dos Restaurantes Universitários — como na Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
Além disso, as políticas de auxílios e bolsas que as universidades têm adotado mostram-se cada vez mais insuficientes, seja na abrangência de estudantes, no pouco valor repassado para os estudantes, mas também como política efetiva de permanência estudantil. Essas políticas não se mostram capazes de abrir um caminho onde a passagem pela universidade seja menos marcada pela desigualdade social que vivemos hoje.
Os ataques às universidades públicas não devem cessar nos próximos meses — e talvez sejam intensificados. Para mantermos estas instituições não apenas devemos lutar para manter sua estrutura, mas disputar um projeto para ela que passe por nossos próprios termos.