Na terça-feira (14/07) foi realizada nova paralisação de motoboys em São Paulo. Essa paralisação chamada pelo Sindicato dos mensageiros motociclistas, ciclistas e mototaxistas do Estado de São Paulo – SindimotoSP teve adesão de uma parcela dos entregadores. A paralisação de terça-feira ocorreu depois da primeira paralisação dos entregadores de aplicativos em todo o Brasil do dia 01/07. Desta vez a concentração ocorreu na Consolação, centro de São Paulo.
A paralisação do dia 14 traz demandas por melhoria na remuneração, seguro contra acidentes e itens de higiene para o período de pandemia. Aproximadamente 1500 motociclistas, segundo o Sindimotosp fizeram o trajeto entre a sede do sindicato e o TRT 2ª Região para acompanhar uma audiência. Fizeram parada em frente a câmara de vereadores para entrega de ofício, houve falas de alguns vereadores.
A audiência marcada entre motoboys e o Tribunal Regional do Trabalho com as empresas de aplicativo. Estavam presentes também advogados, representantes das plataformas (Ubereats, IFood, Loggi, Rappi e Lalamove) e representantes do Ministério Público do Trabalho.
Devido a falha na transmissão do desembargador que presidia a conciliação, a videoconferência foi interrompida antes de todos os presentes terem chance de falar e nova data para reunião ainda não foi marcada. O Sindimoto em chamado para o dia 14 defende a necessidade de disputa em âmbito judicial:
“o SindimotoSP entende que apenas no ambiente jurídico esta situação será resolvida para TODOS trabalhadores motociclistas com suas respectivas reivindicações e pede posicionamento do Ministério Público do Trabalho. O TRT da 2ª Região, por exemplo, move duas ações civis públicas contra empresas de aplicativos.”
Houve um desentendimento no movimento, pois o PSOL teria articulado uma reunião entre entregadores e Rodrigo Maia (presidente da Câmara dos deputados) sem passar pelo sindicato e centrais. A reunião com Rodrigo Maia ocorreu no dia 08/07 por videoconferência e participaram entregadores de diferentes estados levando as demandas da categoria. O relato seria de que Rodrigo Maia teria solicitado um consultor legislativo para estudar as questões do segmento.
Segundo o Sindimoto há uma divergência nas demandas trazidas nestes dois momentos: o sindicato defende que já existem legislação para regular as condições de trabalho, mas que elas precisam de fiscalização para serem colocadas em prática, enquanto a demanda trazida por parte do movimento seria o de criação de nova legislação.
A tática de fragmentar o movimento e discutir sobre a legitimidade de representação e indicar datas deferentes para manifestações pode acabar por enfraquecer a organização. É evidente a diversidade de interesses e posicionamentos dentro da categoria, mas a dimensão da unidade da disputa contra as plataformas precisa estar clara para definir uma unidade de ação. O movimento também precisa ter espaço para avançar em sua radicalidade sem amarras burocráticas que acabam por arrefecer a disputa essencial.
A organização dos entregadores, depois da primeira paralisação no dia 01/07 agendou nova paralisação nacional para o dia 25, contanto que o domingo é um dia de grande movimento de entrega e por isso teria um impacto maior.
Violência policial
Durante as manifestações um entregador foi agredido pela Polícia Militar nas imagens divulgadas nas redes sociais vemos dois policiais tentando derrubar o entregador no chão. O relato do entregador agredido indica que ele teria levado choques e sido violentamente agredido. O entregador é algemado e mesmo imobilizado dois policiais permanecem contendo ele no chão enquanto colegas entregadores tentam o defender outro PM os ameaça com uma arma. A moto foi apreendida. Segundo o entregador ele foi abordado quando estava parado com a moto na calçada fazendo divulgação dos protestos pelo celular.