Painel do leitor
Painel do Leitor: A participação do branco na Consciência Negra
Confira a discussão do leitor Henrique da Silva dos Santos, acadêmico Psicologia para o Painel. Confira também outras contribuições de Henrique e de outros leitores no Painel do Leitor.
Falar sobre Consciência Negra em 2021 ainda é associado apenas a algo exclusivo para negros. Entretanto, é necessário falar acerca da participação do branco nesta luta.
O branco neste processo de conscientização não deve se abster de sua culpa, o branco deve reconhecer que teve grande contribuição para toda injustiça que a população sofreu e ainda sofre durante os mais de 500 anos de história brasileira. No dia 20 de novembro (e não só neste dia) o branco deve compreender que existem privilégios, fantasiados de méritos.
Sou branco, filho de pai negro, porém não posso falar que sei como é ser negro no Brasil. Nunca fui abordado por policiais na rua, nunca fui perseguido por seguranças dentro de um shopping. Mas sei que entre meus amigos negros, tive privilégios.
Desde a escravidão o branco tratou negros como seres inferiores, e sempre fez questão de deixar isso claro, criminalizando suas tradições e demonizando suas religiões. O branco durante a história quis extinguir os negros, seja nas cadeias, manicômios e/ou nas ruas.
Após a abolição, os negros foram abandonados pelo Estado, jogados em favelas, a fim de ficarem escondidos dos turistas. Os negros não podiam trabalhar, pois os imigrantes europeus já estavam ocupando este lugar, afinal eles não eram “selvagens”. Com a crescente imigração europeia, a elite brasileira viu uma oportunidade de “branquear” o país, e se viu na “obrigação” de barrar o aumento de negros e mestiços.
Hoje negros e negras ainda colhem os frutos deste branqueamento, é nosso papel é deixar visível toda uma história de exclusão e desigualdade racial. São necessários debates e reflexões acerca dos privilégios, bem como levar a luta para todos, e não limitar apenas para acadêmicos ou políticos. A conscientização negra deve chegar para todos, com o intuito de apresentar as injustiças estruturais e institucionais com as quais negros e negras lidam todos os dias.
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