O Procon-SC proibiu nesta semana a venda de ossos de origem animal em Santa Catarina, considerando essa prática como abusiva. A restrição foi adotada após a repercussão da foto de um cartaz escrito “osso é vendido e não dado”, em que o estabelecimento cobrava R$ 4 o kg de osso. Além desse, mais sete estabelecimentos foram identificados comercializando ossos.
Na semana passada, a imagem do caminhão de ossos, no Rio de Janeiro, também veio à tona para demonstrar a situação drástica que a classe trabalhadora do nosso país se encontra. Em outras cidades, como em Cuiabá, há filas de pessoas em busca de doações de restos de ossos de boi. Em Belém do Pará, carcaças de peixe começaram a ser vendidas nos supermercados.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2020, cada brasileiro consumiu cerca de 26,4 kg de proteína ao ano, representando uma queda de quase 14% em relação ao ano anterior. Esse foi o menor nível desde 1996, ou seja, caiu para o nível mais baixo em 25 anos.
Conforme dados do Dieese, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o valor da cesta básica em Florianópolis também aumentou durante a pandemia. A carne, por exemplo, é o produto mais caro e teve aumento de 30,5% no último ano.
Não somente a carne teve aumento, mas todos os alimentos da cesta de consumo da classe trabalhadora. Em agosto deste ano, o valor da cesta chegou a R$ 659, ainda segundo o Dieese. De acordo com essas informações, o salário mínimo deveria ser de, pelo menos, 5 vezes o salário mínimo vigente atualmente.
No mês de julho, dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) apontam que o custo médio da cesta básica subiu em 15 capitais. Nós sentimos isso da seguinte forma: a cada ida ao mercado a quantidade de alimentos comprada com a mesma quantidade de dinheiro é menor.
Somado a isso, uma pesquisa realizada na Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que a renda média do brasileiro, incluindo informais e desempregados, atualmente está 9,4% abaixo do nível do final de 2019. Isso é ainda mais sentido entre a metade mais pobre da população, sendo 21,5% de perda de renda.
No final do ano passado, os grandes lucros com a exportação de carne bovina, que batiam recordes históricos, acalmavam os corações das burguesias brasileiras. Enquanto isso, a imensa maioria dos brasileiros tem sua vida radicalmente alterada para arcar com a crise.
Nos resta agora descobrir porque essas mudanças avassaladoras não são acompanhadas de revoltas muito bem organizadas contra a estrutura agrária de nosso país e contra a classe dominante como um todo. Se querem nos vender ossos, que tomemos, com nossos músculos, o controle do país.