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Opinião

Não passaremos impunes pela crise

Foto: UFSC à Esquerda
Por Gustavo Bastos, redação do Universidade à Esquerda
08 de outubro, 2019 Atualizado: 19:55

De acordo com o jornal NDmais, do grupo RIC Record, o pacote de reforma administrativa terminou de ser elaborado pelo ministro da economia. Entre as medidas encontram-se o fim da estabilidade dos servidores públicos federais, e o rebaixamento dos salários, a fim de equipará-los aos da iniciativa privada. Ainda segundo o jornal burguês o pacote deve entrar em discussão na câmara na próxima semana.

Essas notícias não indicam outra coisa que não a correlação de forças que enfrentaremos nas lutas do futuro. É preciso levar em conta que caso essas medidas sejam aprovadas, e sem que haja luta e resistência esse ano é muito provável que sejam, as condições em que se dará as próximas greves será muito mais difícil. A ameaça de demissão de funcionarios públicos que decidam participar dos movimentos de luta será muito mais concreta.

No serviço público federal as maiores pastas, com maior número de trabalhadores, são a educação e a saúde. E não é por outro motivo que são as primeiras que enfrentam os duros ataques do governo do capital. O “future-se”, que em breve será apresentado como projeto de lei, dá o tom do que se tornará toda a administração pública, com gestão privada de recursos públicos, contratação de professores via CLT, a extinção das carreiras dos TAEs, enfim, uma catástrofe.

Nesse sentido é imprescindível que as direções dos principais sindicatos desses setores dêem respostas aos trabalhadores e coloquem em perspectiva o imenso e irreversível dano que a classe trabalhadora sofrerá, com a perseguição de seus instrumentos de luta, que certamente sairão muito prejudicados com a reforma sindical, também em preparação pelo governo.

O ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, assim como a FASUBRA, Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil, dirigidos majoritariamente por correntes do PSOL, no caso do ANDES, e na FASUBRA majoritariamente pelo coletivo Sonhar Lutar (integrado por correntes do PSOL, dentre às quais Resistência, MES, etc. e Unidade Classista/PCB) e o PT, devem indicar como e quando acontecerá a luta enquanto há tempo.

A aposta dessas direções, e de outras correntes de esquerda, de que será possível minimizar os danos desses ataques enquanto se deixa de avançar deve ser revista imediatamente! Não há ganhos de consciência e acumulo de forças que possa acontecer nesse meio tempo que supere aqueles que se forjam na luta. Se o governo do capital e a direita avançam rapidamente na destruição da educação pública, das universidades públicas, do SUS, mas também dos meios de organização e luta dos trabalhadores, como os partidos e sindicatos, porque atuar freando as greves e as lutas dos trabalhadores? Acaso há perspectiva de um cenário melhor no futuro para fazer os enfrentamentos? Não saíremos impunes dessa crise!

*O texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a posição do Jornal.

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