Ânima Educação, nono maior conglomerado no mercado de educação superior, almeja comprar a Laureate Brasil. Se conseguir efetivar a aquisição, Ânima saltará de 140 mil alunos para 338 mil e será o quinto maior conglomerado educacional no Brasil.
Para cumprir o acordo de aquisição e evitar problemas com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Ânima venderá o Centro Universitário FMU para a gestora de recursos Farallon. O Centro, com 70 mil matrículas, será vendido por R$ 500 milhões.
Além disso, a Ânima negocia com a Ser Educacional a venda de centros universitário no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. São eles: UniRitter e Fadergs, na capital gaúcha, e IBMR, na capital carioca.
A venda é uma contrapartida para que a Ser Educacional retire os processos judiciais que estão emperrando a venda da Laureate Brasil. A Ser Educacional apelou para a judicialização após perder a venda da Laureate Brasil.
As três instituições devem ser embolsadas por cerca de R$ 1 bilhão, segundo apurou o Valor Econômico. Juntas as instituições somam 42 mil matrículas e têm uma receita de R$ 646 milhões, devido ao alto valor de suas mensalidades.
Ainda no acordo para que a Ser retirasse os processos, ficou estabelecido que a Laureate pagasse uma indenização para a Ser por ter optado por uma outra proposta de compra (a da Ânima). O valor da indenização seria pago em dinheiro ou em instituições. São R$ 180 milhões ou a Faculdade Internacional da Paraíba (FPB) e o Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG).
Para Ânima, além da centralização de capitais e de matrículas em gerais, haverá também um aumento nas matrículas mais rentáveis: as dos alunos de medicina. Com a aquisição, Ânima terá o dobro de matrículas de medicina, cerca de 8,6 mil.
A compra da Laureate Brasil foi cheia de tensões entre os conglomerados educacionais. Na batalha, Yduqs e Ser Educacional também buscavam a aquisição.
Se concluir a aquisição, Ânima ficará atrás em número de matrícula apenas dos grupos Cogna, Yduqs, Unip e Cruzeiro do Sul.
Oligopolização e os riscos as universidades públicas
A oligopolização do ensino superior tem se intensificado nos últimos anos. Essa formação de grupos que são verdadeiros oligopólios tem se dado tanto através da concentração e acumulação de capitais como também através da centralização de capitais e matrículas, via compra e aquisição de outros grupos educacionais.
Boa parte desses grupos se formou, entre outras formas, através da transferência de fundo público para o fundo de acumulação privado. Essa transferência acontece por meio de renúncia fiscal e de programas como PROUNI e FIES, que pagam matrículas às instituições privadas, ao invés de expandir as matrículas via universidade pública.
Com a crise econômica e a necessidade de reduzir recursos para as políticas públicas (em prol dos gastos com o capital), os conglomerados educacionais começaram a disputar de frente os recursos destinados às universidades públicas. Reflexo disso tem sido os consecutivos cortes orçamentários nas instituições públicas e os projetos que buscam remodelar as universidades públicas para que o Estado seja isentado de manter essas instituições — responsáveis por praticamente toda a pesquisa feita no país.