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Opinião

O compromisso da grande mídia e conjuntura da Reforma Administrativa

Por Mariana Nascimento, redação do Universidade à Esquerda
12 de agosto, 2021 Atualizado: 14:10

No dia 17/08, às 18h, a Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora (EFoP) realizará o debate: “Por que a Reforma Administrativa é um ataque a todos os trabalhadores?”, com a Prof. Dra. Selma Venco. Até lá, o Universidade à Esquerda irá publicar diversos textos para contribuir com as discussões. O evento visa trazer questões que possam ser úteis às mobilizações que têm sido organizadas para combater a Proposta de Emenda Constitucional 32/2020, que visa atacar o regime de trabalho dos servidores públicos. 

Não é possível entender a proposta de Reforma Administrativa (PEC 32/2020) de Paulo Guedes e Bolsonaro sem colocá-la no plano da conjuntura nacional. Uma vez que ela não está descolada de outras recentes alterações centrais nas condições de produção e relações de trabalho no Brasil, alterações “necessárias” e impostas pela crise capitalista pela qual atravessamos há mais de uma década e que se expressam nessa e em outras profundas reformas, ou melhor, contrarreformas, as principais podemos citar foram a Emenda Constitucional 95 de 2016, a Reforma Trabalhista de 2017 e a Reforma da Previdência de 2019. Em curso, hoje temos também a Reforma Tributária (Lei 2.337/2021) que está prevista para votação no próximo dia 17 de agosto . 

A guinada reacionária pela qual o Brasil passa nos últimos anos e as péssimas condições de vida da população, principalmente após 2013, alicerçou a base necessária para que fosse possível aos governos, cada um em determinado turno, concretizar passo a passo uma agenda de destruição de direitos. Ou seja, ao capitalismo, para se recuperar da crise que é própria de sua existência, é necessário reestruturar todas as condições objetivas e subjetivas de vida. 

Cada reforma dessas deixa suas marcas numa sociedade do tamanho da brasileira e altera as condições de solidariedade e disposição para a luta dos trabalhadores. Quando os trabalhadores vivenciam os efeitos da reforma trabalhista e previdenciária, somados aos demais efeitos da crise e lhes bombardeiam na grande mídia que haveria uma solução para tudo isso, não se deve estranhar que apoiem e anseiem por essa mudança no cenário nacional. 

É, então, na destruição de direitos e condições de vida que nasce um campo fértil para o egoísmo intraclasse, pois foi criado uma enorme discrepância entre os trabalhadores que fazem parte do funcionalismo público e os que não o compõem. A tática argumentativa para convencer toda uma sociedade que uma reforma como a expressa na PEC 32/2020 não é nova, mas funciona, pois na aparência traria mais igualdade entre os trabalhadores.