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Universidades anunciam medidas de racionamento perante os cortes

Por Beatriz Costa, redação do Universidade à Esquerda
17 de setembro, 2019 Atualizado: 14:44

Diversas universidades tem anunciado medidas de racionamento como forma de manter precariamente suas atividades por mais algum tempo, considerando os cortes orçamentários aplicados pelo Governo Federal. As medidas são paliativas e não serão suficientes para manter as atividades até o fim do semestre letivo. O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, afirma que mantida essa situação, todas as instituições, sem exceção, não vão conseguir fechar o ano. O reitor disse que as intuições federais vêm sofrendo a maior restrição orçamentária de toda história. “Nós nunca estivemos em uma situação tão difícil como a que estamos passando agora”, disse ele.

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) está realizando racionamento de energia elétrica por meio do não funcionamento das unidade administrativas no período noturno. Todos os setores ficam fechados a partir das 16:30. A universidade já sofreu corte de energia elétrica por conta da falta de pagamento e teve que renegociar suas dívidas com a distribuidora para retomar seu funcionamento de uma forma deficitária. Além disso, funcionários terceirizados da universidade estão com três meses de salários atrasados.

Para conseguir pagar os primeiros boletos do mês de setembro, a Universidade de Brasília (UnB) precisou retirar 30% dos recursos das 27 unidades acadêmicas, suspendeu contratos destinados à compra de livros para a biblioteca e de materiais e insumos para os laboratórios. Os esforços foram realizados para pagar as contas de água, luz, serviços de vigilância e portaria.

A decana de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional (DPO) da UnB, Denise Imbroisi, disse que a universidade vive um dia de cada vez e  que a situação é de muita preocupação e instabilidade. “Espero que o governo desbloqueie os recursos. Hipótese contrária não pode existir. Hoje, a única ação que não está bloqueada é a assistência estudantil, mas não temos mais crédito para pagar as despesas”, afirmou ela.

A Universidade Federal Fluminense (UFF) já demitiu mais de 400 funcionários terceirizados este ano. A universidade está trabalhando com uma equipe de segurança e limpeza reduzida e com os serviços de telefonia e transporte interrompidos, e os pagamentos a empresas terceirizadas não estão sendo honrados.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também tem tomado diversas medidas drásticas para continuar com parte de suas atividades, de forma enfraquecida, por mais algumas semanas. Em nota, a UFRJ informa que o atual padrão de liberação de recursos coloca em risco o funcionamento da Universidade neste momento e ameaça seu futuro. As medidas de racionamento incluem suspensão do contrato de serviços de manutenção externa e jardinagem, redução do quadro de auxiliares de processamento de dados,  suspensão da distribuição de orçamento interno às unidades e atraso de cerca de dois meses no pagamento dos contratos de energia elétrica e água. A UFRJ anuncia também que novas medidas ainda estão em estudo e serão anunciadas em breve.

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) divulgou uma nota técnica informando que por conta do colapso financeiro provocado pelo bloqueio de recursos do governo federal a instituição pode suspender atividades acadêmicas e administrativas. Caso a situação não mude, entre setembro e outubro, serviços como fornecimento de água e energia elétrica, limpeza e segurança, por exemplo, deverão ser interrompidos, impossibilitando o funcionamento da Universidade.


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