Notícia
Professores do Rio Grande do Sul entram em greve
Na leva das reformas que atingem os servidores públicos temos acompanhado a situação crítica que enfrentam os trabalhadores estaduais do Rio Grande do Sul. O governador, Eduardo Leite, entregou à Assembleia Legislativa seu próprio projeto de ataque os servidores que onera ainda mais os professores. Esse pacote vem em um momento em que os trabalhadores já sofrem há 5 anos com parcelamentos nos salários.
Entre os pontos propostos no pacote que altera o Plano de Carreira do Magistério, o Estatuto dos Servidores e a previdência estadual, segundo síntese do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande Do Sul – Sindicato dos Trabalhadores em Educação (CPERS/Sindicato), estão:
“Para os Professores(as): Fim do Plano de Carreira; Reajuste ZERO por tempo indeterminado; Todas as gratificações e vantagens passam a integrar o básico do nível/classe correspondente; Criação de parcela autônoma com a “sobra” das vantagens acima do básico. Este valor não será reajustado; Fim das vantagens temporais (triênios, quinquênios e avanços); Fim da incorporação de gratificações para a aposentadoria; Aumento da contribuição para a aposentadoria; Aumento do tempo de contribuição e redução dos proventos conforme Reforma da Previdência nacional; Redução das férias remuneradas para 30 dias; Difícil acesso apenas para escolas do campo; Redução da gratificação de permanência de 50% para 10%; Fim do abono de falta para participação em atividades sindicais; Redução nos adicionais de unidocência, classe especial e penosidade; Fim das convocações e substituição por contratos.
Funcionários de escola (alterações na Lei 10.098): Fim das vantagens temporais (triênios e quinquênios); Fim da incorporação de gratificações para a aposentadoria (como as de direção e insalubridade); Aumento do tempo de contribuição e redução dos proventos conforme Reforma da Previdência nacional; Aumento da contribuição para a aposentadoria; Difícil acesso apenas para escolas do campo; Redução ou extinção do abono permanência; Fim do abono de falta para participação em atividades sindicais; Reajuste ZERO por tempo indeterminado.
Aposentados(as): Quem recebe a partir de um salário mínimo passará a contribuir com alíquotas que chegam até a 16,32% do salário; Professores(as) aposentados também terão todas as gratificações e vantagens integradas ao básico. Qualquer valor acima do piso do nível/classe correspondente será transformado em parcela autônoma que não sofrerá reajustes; Reajuste ZERO por tempo indeterminado
Contratados(as): Como a referência de hora-aula é o salário do concursado, os contratados(as) também terão os salários congelados por tempo indeterminado; Legaliza a demissão de contratados em licença-saúde; Exclui o segmento das regras relativas à licença-saúde, gestante, adotante e paternidade com remuneração; Retirada dos contratados o direito ao abono família, mesmo se enquadrados na nova faixa de renda.”
Diante da absurda situação os professores e demais trabalhadores da educação começaram essa semana em greve. A decisão tomada em assembleia na última quinta-feira (14/11) depois do anúncio do projeto de Leite. O primeiro dia de greve (18/11), contou com adesão de 42 núcleos do sindicato e outras escolas anunciando paralisação para os próximos dias. A avaliação do comando de greve é a mobilização esta crescente.”
No segundo dia de greve a avaliação do CPERS, sindicato que representa cerca de 80mil trabalhadores da educação do estado, é de que 1.176 escola tenham sido atingidas pelas paralisações. Seriam 601 instituições de ensino com adesão total e 575 com adesão parcial. O CPERS estima que cerca de 70% dos trabalhadores da educação já envolveram-se na greve. Ainda há escolas realizando reuniões para deliberar sobre a adesão e a previsão é que novas escolas paralisem ao longo da semana.
Como programação da greve, além de reuniões do comando, atividades de pressão com parlamentares, discussão com a comunidade escolar e atividades do dia da Consciência negra, já há Assembleia geral de mobilização marcada para (26/11).
O governador após apresentar o projeto seguiu em viagem financiada pela Fundação Lemann para a Universidade de Collumbia, onde foi discutir politicas públicas. Demonstrando claramente quais e de quem são os interesses que ele esta disposto a defender.
Manifestações de apoio:
Mais de 100 câmaras de vereadores já aprovaram moções de repúdios ao pacote do governador ou de apoio aos servidores estaduais. Segue levantamento feito pelo CPERS:
“Relação de municípios que já aprovaram moções de apoio aos educadores(as) ou repúdio aos projetos de Leite: Atualizado às 19h40 de 19 de novembro com o total de 123 cidades
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- Água Santa
- Ajuricaba
- Alpestre
- Alvorada
- Arroio dos Ratos
- Arroio Grande
- Barão
- Barão do Triunfo
- Barra do Quaraí
- Barra Funda
- Bento Gonçalves
- Boa Vista das Missões
- Boa Vista do Buricá
- Boqueirão do Leão
- Bossoroca
- Cachoeira do Sul
- Caibaté
- Caiçara
- Camaquã
- Campinas do Sul
- Capão do Leão
- Carazinho
- Carlos Barbosa
- Caxias do Sul
- Cerro Largo
- Chiapetta
- Chuí
- Cruz Alta
- Encruzilhada do Sul
- Engelho Velho
- Entre Ijuis
- Erechim
- Erval Seco
- Estação
- Estância Velha
- Estrela
- Faxinal do Soturno
- Fazenda Vila Nova
- Feliz
- Flores da Cunha
- Frederico Westphalen
- Garibaldi
- Giruá
- Gravataí
- Harmonia
- Horizontina
- Ijuí
- Iraí
- Itaqui
- Itatiba do Sul
- Lagoa Vermelha
- Linha Nova
- Maçambará
- Maratá
- Marcelino Ramos
- Mariano Moro
- Minas do Leão
- Montenegro
- Morro Redondo
- Nova Bassano
- Nova Hartz
- Nova Petrópolis
- Nova Prata
- Novo Barreiro
- Novo Hamburgo
- Novo Machado
- Osório
- Paim Filho
- Palmeira das Missões
- Palmitinho
- Paraíso do Sul
- Paulo Bento
- Pirapó
- Piratini
- Portão
- Porto Xavier
- Quaraí
- Rio Grande
- Rio Pardo
- Rolante
- Rondinha
- Roque Gonzáles
- Rosário do Sul
- Sananduva
- Santa Cruz do Sul
- Santa Maria
- Santa Rosa
- Santa Vitória do Palmar
- Santana da Boa Vista
- Santana do Livramento
- Santiago
- Santo Ângelo
- Santo Antônio das Missões
- São Borja
- São Francisco de Assis
- São Francisco de Paula
- São Gabriel
- São João da Urtiga
- São Leopoldo
- São Luiz Gonzaga
- São Nicolau
- São Paulo das Missões
- São Pedro da Serra
- São Pedro das Missões
- São Pedro do Butiá
- São Sebastião do Caí
- São Vicente do Sul
- Sapiranga
- Sarandi
- Seberi
- Soledade
- Tapejara
- Tapes
- Taquara
- Três de Maio
- Três Passos
- Triunfo
- União da Serra
- Vacaria
- Venâncio Aires
- Veranópolis
- Viamão
- Vila Maria”
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Além do apoio das câmaras municipais, pais e alunos também demonstraram apoio aos professores. Há registros de mobilizações e expressões de apoio registradas pelo sindicato nas cidades de Palmeira das Missões, Caçapava do Sul, no CIEP Dom Pedrito, EEEM Reynaldo Affonso Augustin, Teutônia; Escola Frei Plácido, de Bagé; Escola São Gabriel, de Ametista do Sul; Escola Senador Pasqualini, de Dom Pedrito; Escola Tubino, de Porto Alegre; Escola Frei Plácido, de Bagé; escola Professor Pedro Beno Bohn, de Venâncio Aires; Escolas Carlos Kluwe e Justino Quintana. Na EEEM Uruguaiana, de Uruguaiana, os próprios alunos puxaram a greve.
Outras manifestações de apoio vieram de entidades como a Frente dos Servidores Públicos, as universidades federais e sindicatos de professores municipais, entre eles: DCE-UFSM, Ceprolsindicato, SINDJUS, Seção Sindical ANDES/UFRGS.
Todos estão engajados na luta pela qualidade do ensino e pela existência da escola pública. A situação dos servidores do estado do Rio Grande do Sul não representa uma situação isolada mas um projeto em curso de desmonte da educação pública.