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Interventor é nomeado reitor na Universidade Federal da Fronteira Sul; 5ª universidade intervinda

Posse do interventor Marcelo Recktenvald. Fonte: Divulgação MEC.
Por Luiz Costa, redação do Universidade à Esquerda
30 de agosto, 2019 Atualizado: 18:04

Um interventor foi nomeado Reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), nesta sexta-feira (30). O Decreto, publicado no Diário Oficial da União, nomeia o professor Marcelo Recktenvald para o mandato de Reitor de quatro anos.

Diversos setores da comunidade universitária da Federal Fronteira Sul estão se mobilizando e repudiando a nomeação.

O interventor Marcelo estava em terceiro lugar na lista tríplice que o Conselho Universitário (CUn) enviou ao Ministério da Educação (MEC). O Conselho elegeu os nomes com base na decisão da comunidade universitária, que votou na Consulta Prévia elaborada pelo CUn.

Os professores Anderson Ribeiro e Lísia Ferreira, eleitos para Reitor e Vice-Reitora respectivamente, se manifestaram contra a intervenção.

“O mecanismo da lista tríplice é retrógrado, não efetiva o preceito constitucional de autonomia universitária, além de constituir um obstáculo para a democracia, para a construção coletiva de consensos e entendimentos sobre os rumos da instituição e da educação superior brasileira.”

Alguns setores da universidade informaram que o interventor havia feito campanha para Bolsonaro no ano passado e que não se importava com o resultada da Consulta, pois sua nomeação seria certa.

Em seu perfil no Facebook, Marcelo Recktenvald se apresenta como “Cristão conservador e defensor da família”.

Marcelo ficou em terceiro lugar no primeiro turno com 21,40% dos votos. No segundo turno, a chapa 2 (Anderson Ribeiro e Lísia Ferreir) ganhou a consulta com 54,1% dos votos.

A chapa que venceu as eleições e não foi nomeada repudia a intervenção  e crítica a frágil autonomia das universidades.

“É preciso alertar a sociedade do risco que o rompimento da ordem democrática traz não só para as universidades, IFES em geral, mas para todas as instituições. É de interesse social que suas instituições sejam sólidas, tenham processos transparentes, impessoais, eficientes e morais. Nas universidades se soma a necessidade de autonomia, de poder crítico e questionador. É no questionamento, no debate e na crítica, na proposição e discussão de novas ideias, que se constrói o conhecimento científico, que se toma decisões qualificadas e se pavimenta o desenvolvimento da nação.”

Nomear interventor torna-se praxe com Bolsonaro

Em junho, Bolsonaro nomeou um reitor que sequer tinha sido eleito para a Universidade Federal da Região da Grande Dourado (UFGD).

Na semana passada, no dia 19 de agosto, Bolsonaro nomeou como reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC) o advogado e professor Cândido Albuquerque, o menos votado na consulta pública (apenas 4,6% dos votos). Em protesto, estudantes e trabalhadores da universidade promoveram o ato “Autonomia, democracia e direitos na UFC: por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e democrática”.

Nas eleições internas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), embora a vitória tenha sido da chapa encabeçada por Leonardo Vilela de Castro, com 72% dos votos, seguido de Cláudia Aiub, com 28%, o Colégio Eleitoral resolveu indicar como primeiro nome da lista tríplice o professor Ricardo Silva Cardoso, atual vice-reitor, posição acolhida por Bolsonaro.

Na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Bolsonaro nomeou o segundo colocado, professor Luiz Fernando Resende. O primeiro nome, professor Fábio Cesar da Fonseca, esteve filiado PT e ao PSOL.


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