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Estudantes da UFSC votam por permanecer em greve, em Assembleia

Foto: UFSC à Esquerda
Por Maria Alice de Carvalho, redação do Universidade à Esquerda
04 de outubro, 2019 Atualizado: 19:50

Publicado originalmente em UFSC à Esquerda

Em assembleia, estudantes de graduação da UFSC decidiram não pautar o fim da greve neste momento. A decisão foi encaminhada nesta sexta-feira (4), após o fim da greve ter sido pautado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE Luís Travassos) e outros setores. A plenária encaminhou – por grande maioria – não votar a saída da greve na presente assembleia. Ficou indicado que os cursos façam assembleias locais para avaliar a continuidade ou não da greve até o dia 17 de outubro, quando os estudantes voltam a se reunir em assembleia geral.

A próxima Assembleia Geral dos Estudantes da UFSC ficou marcada para acontecer daqui 13 dias, na quinta-feira (17) às 18h. A data foi escolhida visto espaços de outras categorias que devem acontecer até esse dia e contra a proposta de uma das dirigente da UNE e que compõe também o DCE, que propôs nova assembleia no dia 10 de outubro, o que daria apenas três dias para que as bases dos cursos se reunissem em suas assembleias.

No dia 16, acontece assembleia do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (SINTRASEM), que encontra-se em estado de greve e irá pautar o descumprimento de acordo coletivo e uma possível entrada na greve. Haverá, também, no dia 12 de outubro, plenária da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA), que discutirá a entrada da categoria ou não na greve por tempo indeterminado.

Tanto um representante do Serviço Público Municipal de Florianópolis quanto dos técnicos-administrativos em educação da UFSC estiveram presentes na Assembleia Estudantil de hoje e realizaram fala agradecendo ao movimento grevista dos estudantes da UFSC e pedindo para que estes se mantenham fortes; que não é o momento de recuar na greve e que as outras categorias contam com os estudantes que estão nacionalizando a discussão de uma Greve pela educação.

Com cerca de 600 estudantes, a assembleia foi tensa do início ao fim, devido à polarização entre aqueles que pautavam o fim da greve e aqueles que eram contrários à essa proposta. Em reunião aberta, na quinta-feira (3), a atual gestão do DCE deliberou como linha política pautar o fim da greve na assembleia.

Composição da mesa

No começo da assembleia, estudantes contestaram a composição da mesa coordenadora. O DCE consultou o plenário três vezes até entender que havia contraste na votação. Por maioria dos votos, foi rejeitado manter a mesa tal como proposta pelo DCE – com três militantes do DCE e uma do movimento negro. O pedido de ampliação da composição na mesa foi pautado por alguns estudantes com o argumento de que era necessário a presença daqueles que compõem a base na coordenação, e não apenas as entidades. Aprovado ampliação da mesa pela plenária, duas estudantes dos quatro que se dispuseram passaram a compor a mesa, uma estudante da biologia e outra do jornalismo. Além disso, foi incluída também uma representante do Coletivo de Mães da UFSC. 

Cobrança à UNE: porque não está pautando a greve nacional da educação?

Entre os encaminhamentos da assembleia estudantil, esteve o de cobrar a União Nacional dos Estudantes (UNE), através de vídeo, por não estar construindo a Greve Nacional da Educação.

Os estudantes da UFSC em assembleia anterior já haviam encaminhado uma cobrança à UNE para que essa se coloque à serviço da nacionalização da greve, porém diante da ausência de resposta dessa entidade, os estudantes optaram por reforçar essa exigência através de um vídeo, que será encaminhado pelo Comitê de Greve dos estudantes de graduação da UFSC.

SEPEX da greve, GREVEX

Tendo em vista o cancelamento da Semana de Pesquisa e Extensão da UFSC (SEPEX), por conta do corte orçamentário das universidades, já havia sido aprovado em Assembleia anterior que seria construída a GREVEX, a SEPEX da Greve. Diante do não encaminhamento disso pelo Comitê de Greve até o momento, essa proposta ressurgiu na Assembleia de hoje e foi tirado que ela ocorrerá no dia 15 de outubro, junto ao Banquetaço da Educação que está sendo organizado por alguns cursos da UFSC.

Trancaços na UFSC

Foi deliberado pela Assembleia que a partir de hoje, todas as semanas haverá um trancaço dos Centros de Ensino e de rótulas que cercam a UFSC, pelo menos em um dia da semana, como uma das atividades de Greve. Esse encaminhamento deverá ser operacionalizado pelo Comitê de Greve e levado às bases para que possa ser construído de forma massiva pelos estudantes.

Da continuidade ou não da Greve

Dentre as falas que pautaram o fim da greve estudantil na UFSC, o principal argumento foi de que as aulas deveriam voltar para mobilizarmos novamente os estudantes em aula para a greve, tendo em vista que alguns cursos, principalmente do Centro Tecnológico (CTC), já voltaram a ter aulas. E de que há um esvaziamento da UFSC e das atividades de Greve.

Diante dessas proposições, que partiram principalmente de militantes que compõem as organizações políticas que atualmente dirigem o DCE e de militantes da Revolução Brasileira (corrente do PSOL), outros estudantes que se encontravam em defesa da Greve como instrumento de nossa luta apontaram que sair da greve para mobilizar para uma outra greve não faz o menor sentido. Que se de fato há estudantes em aula, não é colocando os outros também em aula que fará a mobilização crescer, mas que é colocando os estudantes em greve para passar no Centros de Ensino e cursos mais desmobilizados que poderá aumentar e massificar a Greve.

Militante da Revolução Brasileira, inclusive, fez fala aos cerca de 600 estudantes presentes, que estão arduamente construindo a greve por cerca de um mês, dizendo que isso que está acontecendo na UFSC não pode ser chamado de Greve. O militante foi vaiado pela plenária.

Dentre as falas de defesa da Greve, um dos Centros mais mobilizados lá presente em defesa desse instrumento de luta foi o Centro de Ciências Agrárias (CCA), o qual levou falas de contribuição no sentido de que se estamos vendo uma desmobilização, a saída não é recuar, mas sim repensar nossas estratégias e mobilizar ainda mais.

Alguns dos estudantes que defendem que nossa luta não deve recuar apontaram também para o fato de que nossas reivindicações de greve não apenas não foram atendidas, como o governo segue avançando seus ataques sobre nós, utilizando como exemplo o programa Future-se, um dos propulsores da greve na UFSC, que deverá ser transformado em Projeto de Lei até o dia 15 de outubro.

No fim da Assembleia, estudante que constrói o Coletivo de Mães e que estava compondo a mesa apontou para a necessidade de os estudantes cobrarem dos delegados de seus cursos que compõem o Comitê de Greve sobre os encaminhamentos das Assembleias não estarem sendo operacionalizados, tendo em vista que nessa Assembleia ressurgiram diversas pautas que já haviam sido discutidas, encaminhadas, mas apenas deixadas de lado pelo Comitê que tem como responsabilidade a manutenção da greve e operacionalização das atividades de mobilização.


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