O genocídio do povo negro não é fato novo e nem restrito aos EUA, apesar de assumir formas particulares no país. Diante de um cenário de crise estrutural do capital que tem ampliado o desemprego e pauperização da classe trabalhadora em meio a uma pandemia, tem sido o povo negro que mais tem sentido os efeitos drásticos dessa política de morte.
Leia também: [Notícia] EUA prendem mais de 9 mil manifestantes; protestos contra racismo chegam ao nono dia
No Brasil, em que a violência policial mata muitos jovens negros nas favelas, no Rio de Janeiro as mortes policiais aumentaram 43% durante o isolamento social, por exemplo. Casos recentes de mortes de pessoas negras por policiais também ocorreram, o caso do menino João Pedro em 18/05 é só mais um exemplo. Os atos no Brasil focaram o aumento do fascismo no país, atos pró-governo e contra o STF que já vinham acontecendo também mobilizaram a resposta antifascista. Houve defesa da democracia, posição contra racismo e contra o governo Bolsonaro nos atos em São Paulo, Curitiba e Manaus.
Leia também: [Notícia] Atos pelo país gritam por democracia, contra o governo Bolsonaro e violência policial.
Outros países também tiveram atos com esta pauta:
Em Paris, na França, manifestantes expressaram apoio aos atos do EUA e pediram justiça para o caso de Adama Traore, jovem negro, que morreu em 2016 sob custódia policial. Depois de 4 anos o caso ainda não foi julgado. As informações indicam mais de 19mil pessoas no ato que teve gás lacrimogênio jogada pela polícia o que geral reação dos manifestantes. Os atos estavam proibidos por conta das medidas de isolamento. Na cidade de Marselha, sul da França, atos também foram relatados.
Em Amsterdã, Holanda, milhares também foram às ruas com pauta antirracista.
Atos ocorreram em Berlim, Alemanha e Londres na Inglaterra com centenas nas ruas. As pautas de solidariedade aos atos dos EUA, o antirracismo e contra a violência policial também foram presentes. Nestas cidades os manifestantes marcharam até as embaixadas norte americanas.
Em Toronto, Canadá, o protesto também lembrou o homem que morreu depois de cair de prédio durante uma abordagem policial.
Casos de violência policial dirigido à população negra ocorrem em todo o mundo. O que chama atenção nos atos massivos de rua é a disposição da população de ir às ruas em um contexto de pandemia e isolamento social. Certamente a impossibilidade de realizar isolamento efetivo por boa parte da população mais pauperizada, que sem políticas de renda mínima precisam estar nas ruas todos os dias relativa bastante as limitações à manifestação. Não há para a população mais pobre meios de se proteger da Covid então ela está nas ruas para também não ser assassinada pela polícia.
Na América Latina, o Chile já tinha tido atos de rua depois do início do período de isolamento social, diante de uma condição de dificuldade de manter as condições mínimas de vida, em que alimentos já estavam faltando, os chilenos foram às ruas contra o governo ainda em maio.
Sem condições de sobrevivência em casa, as pessoas vão para as ruas por suas vidas, seja na defesa da vida contra a violência policial entoando a última frase de George Floyd: “I can’t breathe”, seja exigindo condições mínimas de sobrevivência durante a pandemia.
Fonte imagem: Manifestantes correm após a polícia disparar bombas de gás lacrimogêneo durante manifestação em Paris – Gonzalo Fuentes/Reuters