Assassinato de professor e militante no Maranhão; entidades cobram justiça

No dia 10 de agosto, o corpo do professor universitário Neylson Oliveira da Silva foi encontrado morto em um matagal, no município de Açailândia, com ferimentos e sinais que indicam que houve tortura. O professor ministrava aulas na Escola Municipal Fernando Rodrigues, na Vila Ildemar, e também era substituto da disciplina de Libras da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), câmpus Imperatriz. Em nota, a UEMASUL o define como um “profissional responsável, dedicado e apaixonado pela docência”.

Além de professor, Neylson era sindicalista e membro do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU).  Era graduado em Filosofia e fazia mestrado no programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Maranhão. Em publicação, o partido relembra a trajetória profissional e política do professor e o descreve como alguém de “luta, garra, força, coragem, sensibilidade, sutileza”:

“Mas para além disso, é preciso destacar a pessoa humana que era Neylson Oliveira da Silva, nosso Ney! Um cara carinhoso, que quando te encontrava você já sabia que teria um abraço e um beijo garantidos. A partir daí, seriam risadas, mais abraços, mais beijos e muita conversa boa. Uma pessoa que gostava de dançar, gostava de música e gostava de interpretar em Libras, gravando em vídeo, as músicas das quais gostava para os seus alunos e comunidade em geral. Ney era o que todo o revolucionário realmente é: um ser humano que luta, vive e se apaixona pela classe trabalhadora. Enfim, um ser humano que com luta, garra, força, coragem, sensibilidade, sutileza, risadas, abraços e beijos fazia  de tudo para que a classe trabalhadora tivesse sua emancipação plena!” Trecho de publicação do PSTU.

Em nota, a Associação de Professores da Universidade Federal do Maranhão – Seção Sindical do ANDES-SN (Apruma SSind.) diz ser impossível não lembrar do professor na história recente das lutas sociais no Maranhão e exige elucidação do crime pelas autoridades:

“Ney já marcava posição contra o autoritarismo quando poucos de nós aqui estávamos. Era um garoto que exigia que a Reitoria da UFMA respeitasse a própria instituição – ironia das ironias, somos privados de tua companhia justo no Dia do Estudante. Era um cidadão dormindo nos corredores da Câmara Municipal de São Luís, peitando a Casa que virava as costas para a cidade, ou quando seguia sem temer, diante de policiais armados, quando nas marchas pelo transporte público digno nas ruas do centro da capital, ou participando de Assembleias Populares. Era um professor, na melhor acepção do termo, exigindo que a Prefeitura de Açailândia respeitasse a categoria. Tiraram-nos sua presença física, nunca arrancarão de nós seu exemplo, seus ideais, seus sonhos, sua luta e sua militância por uma sociedade justa. Sempre estará conosco na dura batalha em defesa da Educação Pública, contra a LGBTfobia, o racismo, contra a violência no campo, nas periferias, onde quer que seja. Seus sonhos e anseios por uma sociedade igualitária seguirão como norte e bússola em nosso caminhar.” Trecho de nota da Apruma SSind.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, que suspeita que Neylson tenha sido vítima de latrocínio e LGBTfobia. 

Em um momento de ascensão de ataques com requintes de crueldade, especialmente em relação a militantes de movimentos sociais, população LGBTQIA+ e professores, manifestamos solidariedade e condolências aos seus familiares e amigos. 

Justiça por Neylson!