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Já conferiu a primeira obra do Clube do Livro à Esquerda?

O primeiro livro escolhido foi “A Classe Trabalhadora: De Marx ao nosso tempo”, do Marcelo Badaró

Por Martim Campos, redação do Universidade à Esquerda
10 de junho, 2021 17:26

Em abril foi lançado o Clube do Livro à Esquerda, pela Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora – Vânia Bambirra (EFoP), com o objetivo de fomentar debates através de livros cruciais para o processo formativo de leitoras e leitores ativos que estão preocupados com a transformação radical da sociedade, dando a possibilidade de circular essas  ideias dentro de um espaço coletivo de discussão.

A escolha cuidadosa dos livros é realizada por uma curadoria do Clube, a qual busca combinar tanto a necessidade de popularizar obras clássicas e contemporâneas do debate socialista, bem como aprofundar o estudo nestes títulos. Além dos livros enviados mensalmente, uma das partes mais profícuas do clube é o debate mensal, o qual abre espaço para dúvidas, comentários e ideias sobre a leitura realizada entre os membros. Este espaço será mediado por um membro da EFOP ou por um intelectual de referência. Ademais, a participação do clube de leitura pode ser uma maneira de manter ritmo e disciplina nas leituras, ampliando o escopo conceitual e a rede de socialização nos espaços de debate mensal. 

O primeiro livro escolhido foi o título “A Classe Trabalhadora: De Marx ao nosso tempo”, do autor Marcelo Badaró Mattos, no qual está presente uma análise sobre a estrutura e a dinâmica da classe trabalhadora desde sua gênese até sua expressão contemporânea.

O autor é um historiador que estuda há anos a classe trabalhadora brasileira, suas organizações e formas de luta, com experiência nas áreas de Metodologia e Teoria da História e História do Brasil. Fez sua graduação em História na Universidade Federal do Rio de Janeiro (1987), mestrado e doutorado em História Social pela Universidade Federal Fluminense. Continuou seus estudos realizando estágios de pós-doutoramento no Museu Nacional-UFRJ, no Instituto Internacional de História Social, de Amsterdã e na Universidade Nova de Lisboa.

Desenvolveu em suas pesquisas dois programas de estudos paralelos: um aprofundado para compreender as particularidades da formação da classe trabalhadora na situação periférica de uma ex-colônia escravista, focando os estudos na segunda metade do século XIX e inícios do século XX; e outro focado em uma tentativa de retratar o panorama contemporâneo da luta de classes e elucidar o perfil atual da classe trabalhadoras (es) nesta condição periférica.

Em seu livro, dividido em quatro seções e conclusão, propõe a hipótese de que é necessário superar as concepções estreitas de classe trabalhadora, em direção a um conceito mais ampliado, recuperando a discussão original de Marx e Engels sobre a classe trabalhadora, bem como as melhores elaborações da tradição crítica do materialismo histórico no século XX.

Acreditamos ser esta uma leitura fundamental para quem deseja compreender os processos de composição e luta das trabalhadoras e dos trabalhadores hoje e historicamente, pois a obra, em particular, marca o quanto essas lutas contribuíram para que possamos construir caminhos de resistência, fortalecendo a luta da classe trabalhadora. 

Inicialmente o leitor tem acesso a uma síntese das elaborações de Marx e Engels sobre a classe trabalhadora, nas primeiras décadas da consolidação do capitalismo industrial no início do século XIX, fazendo uma extensa revisão de obras marxianas com autores como Daniel Bensaïd, Ernest Mandel, Raymond Williams e Gramsci. Em seguida, o autor apresenta dados empíricos atuais sobre a classe trabalhadora com o método do materialismo histórico, partindo do pressuposto da intensificação do processo de proletarização nos últimos anos.

No terceiro capítulo, são debatidas as polêmicas em torno do esgotamento da classe e de seu potencial como sujeito histórico revolucionário, com o intuito de fazer um diálogo crítico com autores do hemisfério Norte, refratários à centralidade do trabalho na sociabilidade humana. Por fim, é abordado o debate contemporâneo entre os historiadores sobre o conceito de classe trabalhadora, expondo um contundente estado da arte sobre o tema, relembrando as lutas revolucionárias em países de desenvolvimento econômico atrasado e proletariado pouco organizado.

Deixamos aqui um trecho do livro, que ressalta a necessidade de uma compreensão aprofundada da situação atual entre classes sociais para que possamos enfim superá-la: 

“Tempos em que máscaras democratizantes do Estado burguês parecem cada vez menos relevantes ante o crescimento das formas abertas de coerção que caracterizam a dominação de classes contemporânea. Não deveria ser difícil reconhecer que, neste contexto, um entendimento da dinâmica social que explique as formas de exploração, alienação e opressão que caracterizam as relações sociais – relações conflituosas entre classes sociais – sob o domínio do capital, como o que Marx nos legou, é cada vez mais atual. Tão atual como o projeto de superação da sociedade de classes, apresentado e representado pelo sujeito social classe trabalhadora, que Marx tão profundamente percebeu e defendeu.” (BADARÓ, 2019, p. 148)

Não deixe de participar do Clube do Livro à Esquerda! Diversos livros como esses estarão disponíveis nos próximos meses. Além disso, a curadoria tem preparado brindes colecionáveis especiais, além de disponibilizar um Guia de Leitura todos os meses para instigar a leitura da obra e incentivar nossos assinantes a participarem dos debates!

Conheça mais sobre o Clube do Livro à Esquerda! Acompanhe o site e nossas redes!

MATTOS, Marcelo Badaró. A classe trabalhadora: de Marx ao nosso tempo. 1ª ed. São Paulo: Boitempo, 2019


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