O Correios já havia recorrido em relação ao acordo, buscando reduzir sua duração de 24 para 12 meses. O processo ainda corria na justiça quando houveram os cortes.
O quadro de funcionários, que já era reduzido, tem sido cada vez mais sobrecarregado com a alta demanda, que na pandemia teve um aumento de 20%. De acordo com a Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), em oito anos quase 30 mil trabalhadores já foram demitidos.
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As alegações da estatal eram de que sua situação financeira não comportaria a manutenção desses direitos. Apesar disso, denúncias indicam que os Correios têm contratado diversos militares para ocuparem cargos estratégicos, além de criarem novas assessorias especiais. Seriam mais de 10 militares com salários variando de R$ 30 a R$ 46 mil enquanto os cortes nos contracheques dos trabalhadores das linhas de frente chegam a R$ 800.
Ainda, nesta terça-feira (25), na reunião de mediação com o TST, a empresa declarou contar com mais de R$ 600 milhões de lucro.
Em assembleias online, as bases da categoria têm decidido por manter a greve, compreendendo que a pressão de cerca de 70 mil trabalhadores paralisados tem forçado os Correios a negociar na justiça.
Através da greve, a esperança é garantir os direitos que tão duramente foram conquistados e também garantir equipamentos de proteção individual (EPIs), tendo em vista que mais de cem trabalhadores foram mortos pelo coronavírus e a empresa tem fornecido os EPIs apenas mediante ações judiciais.
O Correios está na mira de Paulo Guedes em seu projeto privatista, assim como outras estatais, por exemplo o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), a Eletrobrás, a Casa da Moeda e a Telebrás.
A famosa tática do sucateamento das estatais é evidente no caso dos Correios. Apesar disso, a estatal continua sendo a única empresa que realiza entregas em diversas cidades mais afastadas, sendo inclusive usada por empresas privadas de entrega, como a FedEx, por exemplo, para realizar essas entregas.
Aos trabalhadores dos Correios, o serviço privatizado também não trará nenhum benefício, em especial quando neste momento ímpar de crise econômica e sanitária o número de desempregados crescer cada vez mais, alcançando a trágica marca de mais da metade da população economicamente ativa em desemprego.
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