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Governo Bolsonaro: propina por vacinas em meio a milhares de mortos

A proposta foi feita à empresa pelo Diretor de Logística do Ministério da Saúde em fevereiro de 2021

Imagem: Marcos Corrêa/ Imagem Licenciável
Por Flora Gomes, redação do Universidade à Esquerda
30 de junho, 2021 Atualizado: 12:29

Em reportagem exclusiva divulgada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, o representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti afirmou ter recebido proposta de propina na negociação de vacinas com o Ministério da Saúde. Segundo o representante, a oferta foi feita em Brasília por Roberto Ferreira Dias, Diretor de Logística da pasta, em fevereiro deste ano. Esta data foi um momento marcante para o país pois foi quando Manaus atravessava a crise de oxigênio e que os demais estados estavam com os leitos de UTI extremamente ocupados. Enquanto isso, o país não tinha perspectiva de vacinação em massa.

Na entrevista divulgada pela Folha, Dominguetti declarou que Dias propôs um superfaturamento de US$ 1 por dose. A proposta era de compra de 400 milhões de doses de vacina AstraZeneca, o que, convertido em reais, geraria um lucro bilionário. No seu depoimento, ele ainda revelou que Dias trouxe à tona o fato de que para trabalhar com o Ministério seria necessário “compor com o grupo”. A declaração dá a entender que este grupo seria vinculado ao Ministério da Saúde e promovia desvios de dinheiro de dentro da pasta. O representante afirmou ter negado o pedido de propina. 

Roberto Dias havia sido indicado ao cargo de Diretor de Logística do Ministério da Saúde pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP). Contudo, na noite de ontem, quando as revelações vieram à tona, Barros negou ter indicado o diretor. O deputado foi convocado para prestar elucidações na CPI da Covid hoje (30/06). Já o depoimento de Domingueti está agendado para a próxima sexta-feira (02/07).

É o terceiro caso explícito de corrupção e prevaricação envolvendo o Governo Bolsonaro e a compra de vacinas durante a pandemia. O primeiro, que diz respeito à compra das doses da Pfizer, explicitou que o Ministério da Saúde ignorou dezenas de e-mails que envolviam a negociação destas vacinas. O segundo, que veio à tona no último dia 18, levantou uma lista de suspeitas sobre a compra de vacinas Covaxin. Estes são alguns das últimos indícios de corrupção, que compõe base para vários pedidos de impeachment. Hoje foi protocolado um superpedido de impeachment composto por 123 pedidos anteriores

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Sobre este último caso, Bolsonaro primeiro declarou que a Polícia Federal iria abrir um inquérito para apurar as suspeitas. Depois, afirmou que não tem como saber o que ocorre nos ministérios.

Está cada vez mais explícito que o projeto do Governo Bolsonaro envolveu uma relação estreita com o capital sem qualquer preocupação com a população brasileira. Estes fatos reforçam o fato de que as disputas desta crise instaurada precisam se resolver com a força das ruas. No próximo sábado (03/07) haverá mais um ato pelo Fora Bolsonaro em todo o país. 

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