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Estudante da UFDPar foi detido em sala de aula por fazer grafite; denúncia partiu do reitor da universidade

Imagem: Reprodução da Associação de Docentes da Universidade Federal do Piauí (ADUFPI)
Imagem: Reprodução da Associação de Docentes da Universidade Federal do Piauí (ADUFPI)
Por Daniella Pichetti, redação do Universidade à Esquerda
31 de agosto, 2022 Atualizado: 21:15

Um estudante de psicologia do 5º período foi detido dentro de sala de aula no último dia 26, na Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), após denúncia realizada pela reitoria da universidade. A polícia militar, acionada pelo reitor interventor Alexandro Marinho Oliveira, foi até o câmpus e, de acordo com informações veiculadas por entidades estudantis e sindicais, agiu com truculência desproporcional, em um gesto autoritário e arbitrário. Mesmo sob protesto de professores e colegas, o estudante foi levado à Delegacia da Polícia Federal e autuado por crime ambiental e depredação do patrimônio público. O aluno assinou o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado no mesmo dia, respondendo o  processo em liberdade.

De acordo com a notícia publicada no site do sindicato ADUFIPI, a ação envolveu  quatro seguranças da universidade e três policiais militares, que agiram de forma desmedida e visavam levar o estudante algemado até a delegacia. Enquanto o aluno estava assistindo a uma aula, os agentes quase o tiraram à força do espaço. O ato só foi impedido em virtude da rápida movimentação estudantil e docente para que o estudante fosse acompanhado pelo professor João Paulo Macedo que estava na aula até a delegacia. 

Nessa mesma nota, consta que representantes do movimento estudantil e da Associação de Docentes da Universidade Federal do Piauí (ADUFPI) analisaram que a ação policial teve motivação política e serviu para coibir e intimidar a comunidade acadêmica que se organizava para uma assembleia geral, realizada no dia 29, cuja pauta central foi a solicitação de abertura de um inquérito civil que investigue irregularidades na administração superior e o pedido de afastamento do reitor do cargo. 

O atual reitor, Alexandro Marinho de Oliveira, responde a diversos crimes, dentre eles estelionato, apropriação indébita e falsidade ideológica. De acordo com a publicação da Associação, “O pedido está consubstanciado na infringência de inúmeros princípios que norteiam a Administração Pública direta e indireta, bem como na apuração de ilícitos penais, cuja conduta do Reitor Pró-Tempore encontra-se sob investigação pela Delegacia dos Crimes contra o Patrimônio de Parnaíba.”

O Centro Acadêmico de Psicologia publicou uma nota de repúdio e declarou que foi um caso claro absurdo de racismo, denunciando que a reitoria, após o ocorrido, se recusou a se comunicar para resolver o caso de maneira diplomática dentro da instituição. Diante da postura da reitoria e da conduta da polícia militar no câmpus, foi convocado um ato em frente ao auditório central da UFDPar. 

Em nota, a Diretoria do ANDES Sindicato Nacional manifestou que repudia a ação repressiva do reitor interventor e se solidariza ao estudante agredido e a toda comunidade universitária: 

“Não aceitaremos que nossas universidades sejam transformadas em espaços de repressão aos processos de criação e manifestações artísticas! Seguiremos lutando em defesa da autonomia, da democracia e do caráter público e gratuito das universidades brasileiras.”

O atual reitor, Alexandro Marinho de Oliveira, responde a diversos crimes, dentre eles estelionato, apropriação indébita e falsidade ideológica. No dia 29 de agosto foi realizada uma assembleia, convocada pela ADUFPI, para abertura de inquérito civil para apurar indícios de atos de improbidade administrativa praticados pelo reitor, com pedido de afastamento tutelar do cargo. 

Leia a nota do ANDES-SN na íntegra:

Nesta quinta-feira (25/08/2022), de forma truculenta e racista, o reitor da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPAR), acionou a Polícia Militar para retirar de sala de aula um jovem estudante negro, do curso de Psicologia, por ter feito grafite em um banco da instituição. À revelia da lei e sob protestos da comunidade universitária, o estudante fora conduzido à Delegacia da Polícia Federal e autuado por crime ambiental.

O ANDES SINDICATO NACIONAL repudia com veemência a ação repressiva do reitor ao tempo em que manifesta profunda solidariedade ao estudante agredido e a toda comunidade universitária da UFDPAR. Não há dúvida de que ações como essas expressam a criminalização das lutas em defesa da universidade pública e das liberdades democráticas, aprofundadas em nosso país com o bolsonarismo. 

Não aceitaremos que nossas universidades sejam transformadas em espaços de repressão aos processos de criação e manifestações artísticas! Seguiremos lutando em defesa da autonomia, da democracia e do caráter público e gratuito das universidades brasileiras.

DITADURA NUNCA MAIS!

FORA REITOR INTERVENTOR!

Brasília (DF), 26 de agosto de 2022.

Diretoria do ANDES Sindicato Nacional


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