CPI convoca Ricardo Barros e vendedor que relatou oferta de propina
Três servidores do Ministério da Saúde também foram convocados
Por Luiz Costa, redação do Universidade à Esquerda
30 de junho, 2021 Atualizado: 16:42
As recentes denúncias envolvendo o governo Bolsonaro em esquemas corruptos na compra de vacina abriu novos caminhos de investigação da CPI. Na sessão desta quarta-feira (30), os senadores decidiram convocar figuras chaves como o líder do governo Ricardo Barros e o vendedor da AstraZeneca que relatou oferta de propina.
O primeiro requerimento para comparecer à CPI foi direcionado ao deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), sujeito que aparece no centro das suspeitas de irregularidades na aquisição de vacinas.
Além do esquema envolvendo a Covaxin, na noite de terça-feira (29), a Folha de S. Paulo publicou reportagem na qual o representante da empresa ‘Davati Medical Supply’ Luiz Paulo Dominguetti Pereira relatou uma oferta de propina do então diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias.
Segundo Dominguetti, Dias cobrou propina de US$ 1 dólar por dose de vacina para que as negociações de compra do imunizante da AstraZeneca avançassem.
Roberto Ferreira Dias, então diretor de Logística do Ministério da Saúde (foto: Agência Brasil).
Dias, que foi exonerado ainda na terça-feira após vir ao ar a reportagem da Folha, havia sido indicado para o cargo justamente por Barros, em janeiro de 2019.
Barros também pode estar envolvido na oferta de propina ao deputado Luis Miranda, na tentativa de comprar seu silêncio. Segundo o deputado Miranda, em uma segunda reunião com um lobbista, Barros esteve presente ofertando US$ 1 milhão para Miranda para não atrapalhar os negócio da Covaxin.
Além do líder do governo na Câmara, a CPI da Covid convocou Luiz Dominguetti, representante da Davati que relatou oferta de propina envolvendo compra da AstraZeneca.
Segundo o vendedor, o pedido de propina ocorreu no dia 25 de fevereiro, em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping.
A CPI também convidou o deputado Miranda para novo depoimento. A nova oitiva deve ser secreta, mas os senadores ainda não definiram o formato.
Três servidores do Ministério da Saúde implicados em possíveis irregularidades também foram convocados pela CPI. Além de Roberto Dias, devem comparecer a Comissão Thiago Fernandes da Costa e Regina Célia Silva Oliveira.
Fernandes da Costa é réu em ação junto com o deputado Barros.
Oliveira foi apontada pela servidor Miranda como responsável por autorizar e fiscalizar a importação de vacinas da Covaxin, mesmo diante das divergências em relação ao contrato original.
Na quinta-feira (1º), a CPI deve ouvir Francisco Emerson Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, representa no Brasil a farmacêutica indiana Bharat Biotech que assina o contrato com o Ministério da Saúde.
O depoimento dos irmãos Miranda a CPI da Covid, na sexta-feira (25), trouxe novo impulso para as disputas entre as forças do alto escalão do Estado. Os conflitos se intensificaram em abril, quando a CPI começou os trabalhos. Desde o dia 29 de maio, porém, o governo começou a ser atacado também por baixo, através dos atos de rua.