Não há um dia sequer dos últimos meses que a ida ao mercado não provoque apavoro, susto, reações indigestas nos brasileiros. O preço dos alimentos subiu muito e segue subindo, sem nenhum controle.
A elevação acelerada das taxas de juros, supostamente para baixar a inflação, não surtirá efeito algum. Não se trata meramente de um fenômeno monetário, os trabalhadores brasileiros não estão com mais dinheiro no bolso, pelo contrário, a cesta de consumo dos trabalhadores está a cada dia que passa mais suprimida e restrita.
O que explica a elevação dos preços, em larga medida, é o custo com transporte e com energia elétrica. A gasolina e o Diesel subiram muito, registrando uma longa série de elevações sucessivas. Segundo o IBGE a gasolina acumula alta de 40,44% nos últimos 12 meses, mas também subiram o etanol, o óleo diesel e o gás veicular. Já a energia elétrica, aumentou 3,91% no mês.
Entre os alimentos, as frutas subiram 6,41%, tomate (23,15%), batata-inglesa (8,57%), frango em pedaços (5,11%), café (4,34%), queijo (3,94%) também subiram. Cebola (-2,72%), arroz (-1,06%) e carnes (-0,31%) tiveram quedas, apesar da elevação do preço da carne por 16 meses consecutivos.
Ontem a Petrobrás anunciou a antecipação de mais R$ 31,8 bilhões de reais em dividendos, do exercício de 2021 a petroleira já se comprometeu a distribuir entre os acionistas R$ 63,4 bilhões. Aqui está o cerne da política de preços da Petrobras, o valor distribuído aos acionistas seria capaz de pagar, segundo informa a própria Petrobras, cerca de 7 meses do Benefício Emergencial (BEm) de 2021.
Desde 2016, quando Michel Temer assumiu a presidência da República, a Petrobras vem operando e vendendo combustíveis por preço de paridade de importação (PPI), isso significa que o preço não é mais calculado levando em consideração o custo da extração do petróleo nos poços do pré-sal, o custo do refino e da distribuição. Mas sim o preço que as importadoras de combustíveis tem de pagar para importar gasolina de outros países, ou seja, o preço varia junto com o dólar.
A política de paridade de preços trabalha com a redução da operação das refinarias da Petrobras, que detém capacidade para atender cerca de 70% da demanda de combustíveis brasileira. Ao fazer isso pretende-se acabar com o “monopólio”, abrindo espaço para petroleiras estrangeiras conseguirem espaço no mercado de combustíveis brasileiros. As petroleiras estrangeiras não conseguem custo menor que a Petrobras na produção e refino de petróleo.
Joaquim Silva e Luna, General da reserva do Exército, e indicado de Bolsonaro para comandar a Petrobras, afirmou em carta aos acionistas que “atingimos nossa meta de endividamento muito antes do planejado e estamos dividindo parte das riquezas geradas com a sociedade e nossos acionistas através de impostos, dividendos, criação de empregos e investimentos”.
Há que se questionar que tipo de contribuição à sociedade a Petrobras vem fazendo, manter os preços dos combustíveis em patamares elevados para distribuir dividendos, ou seja, lucros, com os acionistas contribui de que forma com a sociedade? A Petrobras precisa retomar urgentemente seu caráter de empresa pública, que serve ao país. A lógica privatista que hoje comanda a empresa só demonstra que uma Petrobras pública é mais do que necessária, precisamos de uma Petrobras comprometida com as demandas da classe trabalhadora, não com a distribuição de lucros para acionistas.
Bolsonaro e Paulo Guedes falam, cinicamente, em dividir o patrimônio da Petrobras, de vender os poços de petróleo que a empresa possui, e até em privatizá-la. O resultado disso será a manutenção dos preços em patamares elevados, as empresas petroleiras não estarão mais sobre qualquer controle da população, e a inflação permanecerá alta, corroendo o salário dos trabalhadores.
Os textos de opinião são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, as posições do Jornal.