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Eblin Farage é nova colunista do UàE

Eblin Farage

Professora Associada do curso de Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Desenvolvimento Regional da UFF e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares (NEPFE)/UFF. Estuda, pesquisa e desenvolve projetos de extensão nas áreas de direito à cidade, favelas, movimentos sociais, educação popular e educação superior. Militante do movimento docente do ensino superior público.

É hora do funcionalismo público fazer greve?

24 de janeiro, 2022 Atualizado: 18:33

É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.

(Thiago de Mello)

Algumas pessoas têm questionado se é o momento do funcionalismo fazer greve. Isso porque o conjunto do funcionalismo, o que inclui os profissionais da educação do ensino superior público, esteve durante todo o ano de 2021 empenhado em defender a vida e lutar contra a PEC 32 (Reforma Administrativa), mas sem indicar a greve. Vale destacar que a luta travada em 2021 contra a PEC 32 foi vitoriosa, pelo menos momentaneamente impediu o governo e sua base aliada de aprovar a completa desestruturação das políticas públicas.

A despeito de algumas categorias já terem deliberação pela construção da greve do funcionalismo público e do setor da educação, como é o caso do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN), desde antes da pandemia da Covid-19 se instalar, a conjuntura não possibilitou tal articulação. Não só a pandemia, mas também a dificuldade de articulação entre os diferentes segmentos e o agravamento de questões emergenciais, não permitiram frutificar a greve. E agora, em 2022, a greve tem outras características e por isso precisa ser construída.

Mas será agora o momento de buscar construir a greve do funcionalismo público, como vem sendo indicado por militantes e entidades? A greve, como instrumento legítimo de luta, conquistado e construído pela classe trabalhadora, deve articular, no caso do funcionalismo público, algumas dimensões essenciais: 1) deve ter pauta objetiva (condições de trabalho, salário, direito à aposentadoria, derrubar propostas de contrarreformas, etc.); 2) deve ser construída a partir das bases de uma ou várias categorias (a depender da pauta, se comum a vários segmentos ou não); 3) deve envolver disposição dos/as dirigentes do movimento sindical; e 4) deve buscar estabelecer canais de diálogo com o conjunto da sociedade.

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