Jornal socialista e independente

Olinda Evangelista

É professora aposentada da Universidade Federal de Santa Catarina e do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE/UFSC). Pesquisadora do Grupo de Investigação em Política Educacional (GIPE-Marx), sediado na UFSC. Em seus estudos de política educacional privilegia o tema da formação docente e a defesa inconteste da escola pública e seu papel crucial na formação da classe trabalhadora. Também é bordadeira.

Como destruir a universidade pública brasileira

02 de fevereiro, 2022 Atualizado: 16:31

Em couautoria com Priscila Monteiro Chaves e Mauro Titton*

Motivos para festejar? Nenhum!

É sempre lamentável ver os balões lançados quando avaliações, de resto horríveis, de nossas universidades são hierarquizadas, publicadas e algumas aparecem no topo! A fila dos que gozam com a posição alcançada é grande…  Foi o caso da divulgação do Ranking de Universidades Empreendedoras de 2021 (RUE), publicado pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores, em sua 4ª edição. Difícil entender por que estar “bem na fita”, neste caso, é tão importante, quando se trata de subsumir as universidades públicas ao desiderato de se tornarem “empreendedoras”, de formar jovens “empreendedores”, de submeterem-se, sem a devida “crise interna”, às demandas do capital, incorporando não apenas o triste bordão, como seu caráter de simulacro, que alega não existir mais desemprego, mas sujeitos que não empreendem!

No final do ano passado, em algumas de nossas bolhas virtuais, as telas rolaram reiteradamente um sem-número de matérias[1] festejando o referido ranking, cujos organizadores agradecem, especialmente, “[…] aos mais de 70 (setenta) estudantes voluntários[2], líderes e embaixadores, que fizeram com que cada universidade pudesse ser representada nesta edição […]”, às diversas “organizações” que contribuíram com o projeto e “[…] também ao Bradesco [patrocinador] que por mais uma edição confia no projeto e aposta na melhoria da educação empreendedora” (RUE, 2021, p. 9) … e como não apostar?![3]

Em plena pandemia – somamos mais de 640 mil mortos no Brasil e esse número infelizmente ainda crescerá com a variante Ômicron – e num grau absurdo de “frieza humana”, o relatório festeja seus resultados. Expondo em gráficos o perfil geral dos participantes (menos de 5% vivenciou apenas o ensino presencial; mais de 25% apenas o ensino remoto; o restante participou de atividades remotas e presenciais; 17,25% tiveram apenas poucos dias de atividade presencial[4]), concluiu que os “181 cases” de boas práticas coligidos atestam o propósito de construir um Brasil Empreendedor.

nesta coluna



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