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Editorial, Opinião

As comunidades indígenas e o impacto da Xawara Covid-19

Morador da terra indígena Xakriabá, em São João das Missões (MG), que reúne cerca de 9 mil indígenas

Foto: Edgar Kanaykõ Xakriabá
Por Martim Campos, redação do Universidade à Esquerda
14 de julho, 2020 Atualizado: 12:25

Entre Roraima e Amazonas, lugar das terras indígenas Yanomami, o contato com as doenças e epidemias trazidas pelos homens brancos aparece sob a forma da palavra Xawara. Aquilo que mata os Yanomami e que se mantinha velado, que parecia se propagar inicialmente sem interferência. 

A Xawara na cultura Yanomami tem um vínculo profundo com o que significou a violência em suas esferas mais brutais: aquilo que não deveria ser mexido no interior de suas terras, o ouro, gananciosamente retirado pelos nabëbë (brancos) solta essa substância, fumaça do minério. Uma “epidemia-fumaça” alastra-se na floresta e em todos os lugares – e essa fumaça inimiga apareceria na forma do sarampo, por exemplo. Xawara é o que de nefasto aparece neste contato. 

O contato com as doenças e pragas trazidas por colonizadores é historicamente responsável pelos adoecimentos e mortes deste povo, além da brutal violência genocida. Desde o contato na areia, na chegada dos portugueses em seus estados moribundos, até as reincidências constantes em contato com doenças vindas de fora de suas comunidades. Recentemente, no ano de 1990, por exemplo, há uma estimativa de que 20% da população indígena (1.800 pessoas) morreram de doenças e violências causadas por 45.000 garimpeiros ilegais.