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Colapso no Sistema de Saúde de Manaus expõe sua fragilidade

Foto: Jeyaratnam Caniceus / Pixabay
Por Helena Lima, redação do Universidade à Esquerda
14 de abril, 2020 Atualizado: 14:04

Apenas um mês após o primeiro caso de coronavírus em Manaus, o sistema de saúde da capital já entrou em colapso. O estado do Amazonas possui a maior taxa de incidência da doença no Brasil, ou seja, infectados pelo total da população. Hoje são 303 casos por 1 milhão de habitantes e 17 mortes por 1 milhão de habitantes, a maior taxa de mortalidade pelo coronavírus do país.

O estado de São Paulo, por exemplo, que tem o maior número de casos de coronavírus do país, 8.865 infectados, tem uma taxa de incidência de 195 pessoas diagnosticadas por 1 milhão de habitantes. 

O sistema de saúde de Manaus é o primeiro no Brasil à colapsar por conta da pandemia. Pacientes já em estado grave são obrigados a esperar em fila por uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e há falta de médicos nos hospitais. 

Os agravantes são dois: Manaus é a única cidade com UTIs públicas ou privadas de todo o estado do Amazonas; e a quantidade de leitos de UTI, como em todo o Brasil, não é suficiente para enfrentar a pandemia. 

Segundo estudo realizado pela Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2018, Manaus possui 321 leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) e 181 em hospitais privados, mesmos dados para o estado do Amazonas. Na capital, isso representa 1,53 leitos de UTI SUS a cada 10 mil habitantes, no estado são 0,79 leitos. 

Existe ainda, uma desigualdade gritante na distribuição de leitos de UTI públicos e privados no Brasil. A região Sudeste tem uma população 5 vezes maior que a região Norte, mas tem 8 vezes mais leitos de UTI do SUS, e 14 vezes a quantidade de leitos de UTI privados.

Na mesma publicação do CFM, de 2018, o Conselho comprova que o sistema de saúde no Brasil, na verdade, já estava em colapso antes da pandemia. “De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), que mapeou a distribuição dos leitos de UTI entre os estados e as capitais, os números revelam um cenário que aflige milhares de médicos diariamente: hospitais com alas vermelhas superlotadas, com pacientes à espera de infraestrutura apropriada” afirmaram na notícia

Manaus recebeu por conta do colapso, neste domingo, o Hospital de Campanha do governo federal, que ocupa a estrutura do Centro Integrado Municipal de Educação Lago Azul. Nesta semana, a expectativa é que tenham aproximadamente 40 leitos de UTI funcionando, e cerca de 150 leitos quando em pleno funcionamento.


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