Essa quinta-feira (22) reuniu líderes mundiais na Cúpula do Clima chamada pelo presidente estadunidense Joe Biden. O encontro contou com a presença do presidente Bolsonaro, que já havia mandado carta a Biden e almejava obter seu apoio por meio de compromissos ambientais.
Em seu discurso, Bolsonaro prometeu dobrar investimento em fiscalização, apesar da promessa de Ricardo Salles de acabar com a “indústria de multas ambientais” e a queda de valores pagos em aproximadamente 67% para o monitoramento de queimadas. O presidente mentiu a respeito de dados sobre desmatamento na Amazônia, que tem apresentado crescimento acentuado desde o primeiro ano de seu governo. Bolsonaro também omitiu os incêndios na Amazônia que cresceram e se tornaram grande polêmica no seu governo, sendo apontados por pesquisadores como uma estratégia para limpeza da área desmatada.
Além disso, as propostas de Bolsonaro foram incoerentes, tanto com a realidade de seu governo quanto com o que realmente seria eficaz. O discurso do presidente incluiu em grande parte o pedido de recursos para preservação, apesar do dinheiro não ser o problema nessa questão: o governo dispõe de 2,9 bilhões para o Fundo Amazônia, que hoje encontram-se paralisados. Visto as mentiras e as propostas descabidas, a conclusão é de que o discurso do presidente Bolsonaro tinha o propósito claro de melhorar a sua reputação e o compromisso com o meio ambiente. Seus argumentos não passam de falácias, como vem sendo provado desde o início de seu mandato. Porém, o presidente Biden, principal alvo da propaganda de Bolsonaro, não acompanhou seu discurso, tendo se ausentado da sala 10 minutos antes.
Desde o início da denúncia por cientistas do aquecimento global, empresas e líderes liberais formam estratégias para se esquivar das críticas e continuar com a exploração e degradação ambiental. Essas estratégias contam com o negacionismo, omissão de fatos, mentiras e manipulação de produção científica, além da vilanização e impedimento de órgãos fiscalizadores. Bolsonaro, que preenche os requisitos para um governo liberal completamente negligente e anti-ecológico, confirmou sua reputação mais uma vez, com um discurso repleto de mentiras, omissões e planejamentos incoerentes.
As reações ao discurso de Bolsonaro foram, também, negativas. A coordenadora do Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) aponta para a falta de diálogo com povos indígenas e enfatiza: “O projeto de morte e destruição de Bolsonaro continua o mesmo”. Márcio Astrini, o secretário-executivo do Observatório do Clima, diz que o presidente saiu do encontro da Cúpula do mesmo jeito que entrou: “desacreditado”.
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