A Eletrobras iniciará a partir de amanhã (20) mais um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para demitir até 1.574 trabalhadores. Esse é o segundo PDV desde a privatização da estatal. Caso alcance o número de demissões, haverá uma redução de cerca de 20% do quadro de trabalhadores.
As inscrições do Programa iniciarão amanhã (20) e se estenderão até o dia 21 de julho. A Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel) entrou com pedido à empresa para adiar as demissões para o ano que vem, o que foi negado. Em comunicado ao mercado, a Eletrobras ressaltou que as demissões serão realizadas a seu juízo e conveniência.
A Aeel pretende recorrer à justiça para adiar o período de demissões do PDV. Em seu comunicado ao mercado, a Eletrobras também apontou que a centralidade no momento é a adaptação à nova estrutura organizacional da empresa após a privatização:
“O lançamento do PDV está associado a medidas de otimização de custos e despesas operacionais, ao Plano Estratégico 2023-27, além de viabilizar maior aderência a nova estrutura organizacional da companhia que está em fase final de modelagem e implantação”.
Atualmente, de acordo com dados da própria Eletrobras, há cerca de 8,4 mil trabalhadores na empresa, incluindo suas subsidiárias. A demissão de 1.574 pessoas representaria, dessa forma, 19% de redução no quadro de trabalhadores.
Um primeiro PDV, como consequência da privatização da Eletrobras, já ocorreu no mês de outubro de 2022. Naquele momento, o foco foi o de demitir os trabalhadores aposentados e “aposentáveis”. 2.494 trabalhadores foram inscritos no Programa e, até abril deste ano, 1.974 já foram demitidos.
A Eletrobras investirá R$750 milhões para realizar a demissão dos trabalhadores neste segundo PDV, valor que pretende ter como retorno a partir da economia com folhas de pagamento. No primeiro PDV, foi investido R$1 bilhão; valor que, de acordo com a Eletrobras, deve ser recuperado em cerca de 13 meses.
Trabalhadores protestam contra alta cúpula do conselho da Eletrobras
Na madrugada do último domingo (18), trabalhadores realizaram protesto contra membros da alta cúpula da direção da Eletrobras. O protesto foi realizado na antiga sede da empresa em Furnas, na Zona Sul do Rio de Janeiro, com projeções de frases e imagens na lateral do prédio pedindo de conselheiros.
Os eletricitários denunciaram os executivos ligados ao trio de sócios da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles; e o atual presidente da Eletrobras, Wilson Pinto.
O protesto foi motivado por uma gravação que foi tornada pública pelo jornal Folha de S. Paulo na semana passada, que expôs uma reunião interna de conselheiros da Eletrobras. Na reunião, conselheiros falam sobre ter sido indicados a seus cargos por Pedro Batista de Lima Filho, acionista minoritário e membro do conselho da Eletrobras. Pedro é um economista brasileiro, que possui relação de confiança com Jorge Paulo Lemann e foi considerado pela Forbes o homem mais rico do Brasil em 2019.
O vazamento da gravação tem tensionado a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pela Advocacia Geral da União (AGU) no Supremo Tribunal Federal (STF), que pede revisão da interpretação da lei de privatização da Eletrobras que limita o Estado a votar com somente 10% na empresa.
Também foram alvos do protesto os conselheiros Marisete Dadald, ex-secretária executiva do Ministério de Minas e Energia; Marcelo Siqueira, ex-secretário do Ministério da Economia; Vicente Falconi, sócio-fundador e presidente do conselho da consultoria Falconi e vinculado ao trio Lemann, Telles e Sicupira; e os vice-presidentes da Eletrobras Elvira Presta, Camila Gualda Araújo, Rodrigo Limp, José Renato, Elio Wolff entre outros.