Notícia
Editoras Boitempo e Contracorrente impedidas de participar de Feira do Livro na Mackenzie
O Centro Acadêmico João Mendes Jr – CAJMJR da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie retomou um projeto que estava parado há 7 anos: uma feira de livros. Segundo informações da própria entidade estudantil, o Centro acadêmico tem o “objetivo de defender e organizar os estudantes para a construção de uma universidade voltada para a realização da sua função social”.
Com esse intuito o centro acadêmico retomou a Feira de Livros que foi realizada do dia 15 ao 18 de abril. Para estimular a expansão do pensamento jurídico ampliou o convite de editoras participantes, entretanto com a justificativa de limitação de espaço físico algumas editoras teriam sido vetadas de participar pela reitoria. A universidade indicou que se priorizasse a venda de livros técnicos do Direito, como doutrinas, manuais e legislações.
A informação repassada foi de que de uma lista de editoras convidadas a participar da feira, duas foram vetadas pela Reitoria: Boitempo e Contracorrente. Em postagem do dia 20 de abril na página do centro acadêmico no facebook eles se limitam a informação do limite devido ao espaço físico. O CAJMJR indicou na postagem que apenas seis editoras puderam participar desta edição da feira e que tentarão para uma próxima feira contemplar mais editoras.
Entretanto em nota de repúdio assinada pelas editoras vetadas há a informação de que a justificativa seria que ambas editoras não trabalhariam com “livros doutrinários e legislação de uso acadêmico”. A restrição de circulação de informação e conteúdo nas universidades contraria a função social destes espaços. Como construir conhecimento crítico de qualidade limitado o acesso a informação?
Abaixo reproduzimos a nota de repúdio com informações sobre a censura da universidade às editoras:
Feira de Livros do Centro Acadêmico João Mendes Jr. | Nota de repúdio
Nesta semana ocorre a Feira de Livros do Centro Acadêmico João Mendes Jr., órgão representativo das alunas e dos alunos da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Da lista de editoras convidadas a participar da feira, duas foram vetadas pela Reitoria: Boitempo e Contracorrente. Duas editoras que, de maneira aberta e franca, estão engajadas na disseminação de pensamento crítico no Brasil, inclusive no âmbito jurídico, são justamente as atingidas pela decisão.
Segundo o Centro Acadêmico, a Reitoria assim o fez porque Boitempo e Contracorrente não trabalham com “livros doutrinários e legislação de uso acadêmico”. Talvez tivesse sido melhor não motivar a decisão, tamanho o absurdo. Ambas as editoras ostentam um consistente catálogo na área do Direito, composto, aliás, por obras de professores da Faculdade de Direito do Mackenzie.
Lamentamos profundamente a ocorrência de tal episódio no ambiente universitário, onde, por definição, deve prevalecer o pluralismo de ideias, e registramos publicamente o nosso mais veemente repúdio a este ato de censura.
Editora Contracorrente
Boitempo Editorial