Os metroviários do estado de São Paulo encontram-se em greve desde às 00h00 desta quinta-feira (23). A decisão de greve foi tomada na noite de ontem (22), em Assembleia da categoria.
Os trabalhadores lutam contra a privatização e terceirização do serviço metroviário de transporte em São Paulo, que vem sendo avançada pelo Governo do Estado de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Lutam também pelo aumento de contratações por concurso público, revogação de demissões por aposentadoria, ampliação do quadro de funcionários e pagamento de abono em troca da Participação dos Resultados e Lucros (PRL) que, de acordo com o denunciado pelo Sindicato dos Metroviários, não foi repassada aos trabalhadores entre os anos de 2000 e 2022.
Com a decisão de greve dos trabalhadores, as atividades da Companhia do Metropolitano do Estado de São Paulo (Metrô) encontram-se paralisadas por tempo indeterminado. As linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata (monotrilho) encontram-se paralisadas. As linhas 4-Amarela e 5-Lilás do Metrô continuam operando.
A Companhia de Metrô tem alegado que não possui fluxo de caixa suficiente para atender às reivindicações dos metroviários, porém os trabalhadores têm denunciado o contrário. De acordo com o que vem sendo publicizado pelo Sindicato dos Metroviários, o governo tem repassado à Companhia de Metrô o suficiente para realizar o pagamento dos trabalhadores.
Estado garante lucros da iniciativa privada
O movimento grevista, comprometido com a luta contra a privatização do transporte público, denuncia o péssimo serviço prestado pela iniciativa privada, dando como exemplo o serviço que já é prestado pela ViaMobilidade nas Linhas 8 e 9 dos trens.
Acima de tudo, denunciam também o repasse de dinheiro público para os lucros da iniciativa privada. Na Linha 4-Amarela, por exemplo, desde 01 de janeiro a população paga tarifa de R$4,40. O governo repassa para a ViaQuatro, porém, R$6,32 por passageiro. Ou seja, o governo paga R$1,92 a mais à iniciativa privada.
Essa situação é explicitada pelos metroviários em carta aberta à população, publicada no dia de ontem (22):
Catraca Livre: as tentativas do Governo do Estado em colocar a população contra os metroviários
Desde a deflagração da greve, os metroviários propuseram e disputaram com o governo de Tarcísio (Republicanos) que durante o período de mobilização o acesso ao metrô ficasse liberado à população, com catraca livre. A negociação dos metroviários era de que, com a tarifa gratuita, voltariam aos seus postos para garantir o acesso à população. A gratuidade da tarifa seria uma forma também de os trabalhadores se mobilizarem e pressionarem o governo a acatar suas reivindicações.
Assim, o Sindicato dos Metroviários enviou um ofício à direção do Metrô, solicitando a liberação das catracas. De acordo com o Sindicato, caso o governo e o Metrô não quisessem prejudicar a população, acatariam a proposta da categoria. Cabe ressaltar que, desde o anúncio da greve, tanto a Companhia quanto o Governo têm acusado, de forma caluniosa, os metroviários de estarem contra a população que necessita do transporte público.
Por volta das 10h, os metroviários já se encontravam nas estações após o aceite de liberação das catracas e o funcionamento deveria retornar por volta das 11h. O Metrô, porém, em nenhum momento permitiu a retomada do funcionamento.
Os metroviários denunciam que, ao passo que tornou pública a decisão de acatar a liberação das catracas, Tarcísio recorreu à Justiça para proibir a população de utilizar o metrô. O Tribunal Regional do Trabalho publicou, às 10h18, decisão que proíbe a liberação das catracas. O Sindicato denuncia que o Tribunal apenas acatou a uma solicitação formal do governador.
De forma mentirosa, o governador e a Companhia tem aventado desde então que os metroviários não se fizeram presentes para garantir que o funcionamento fosse retomado e as catracas liberadas.
Frente a esse golpe do governador Tarcísio, os trabalhadores se reuniram no início da tarde de hoje e decidiram continuar a greve e paralisação dos serviços até que suas reivindicações passem por negociação. Os metroviários reafirmaram também sua disposição em operar o metrô com as catracas liberadas, caso o Governo aceite e autorize a proposta.
Hoje (23), às 18h30, ocorre nova Assembleia no Sindicato, localizado na R. Serra do Japi, 31 – Tatuapé. A Assembleia deverá debater e deliberar sobre avaliação do movimento grevista, formas de pressionar o governo e a direção do Metrô a apresentar uma proposta e também sobre a questão da liberação das catracas.