Os docentes sindicalizados da UFRJ estão no período eleitoral para escolha da diretoria e do Conselho de Representantes da AdUFRJ (Seção Sindical dos Docentes da UFRJ). As votações começaram na segunda-feira (13) e encerram nesta quarta (15), às 21h.
Há duas chapas que disputam o pleito. A chapa 1 “Docentes pela democracia: em defesa da universidade pública” representa o grupo de continuidade às últimas três gestões da AdUFRJ. Em oposição, se colocam no pleito a chapa 2 “Esperançar: universidade pública e sindicato autônomo, sim!”.
As chapas defendem projetos divergentes de universidade e isso fica patente nas pautas e demandas debatidas durante o processo de campanha.
A chapa de continuidade (1) alega não defender a Ebserh, mas se posiciona ao lado dos setores que retomaram a pauta em prol de sua implementação durante a pandemia.
A pauta foi resgatada oito anos depois da comunidade universitária se posicionar contrária à empresa. Em 2013, após intenso processo de mobilização da comunidade da UFRJ, o Conselho Universitário (Consuni) rejeitou a inserção da empresa no interior do complexo hospitalar da universidade.
Leia também: Após ser rejeitada, implantação da Ebserh volta a ser pautada na UFRJ
Em novembro de 2020, os diretores dos hospitais universitários que compõem o Complexo Hospitalar na UFRJ pressionaram a decania do Centro de Ciências da Saúde (CCS) para retomar, junto a reitoria, as discussões e negociações com a empresa. A Chapa 1 se coloca ao lado desses setores que defende a retomada em pauta.
“A universidade tem que discutir, precisa ouvir a demanda dos hospitais, da Faculdade de Medicina, dos colegas que atuam na linha de frente dos hospitais. Eles sabem os problemas do Complexo Hospitalar. Eles estão pedindo uma discussão sobre o assunto”, defende a chapa 1.
A chapa 2, em oposição, afirma que o debate é necessário mas não pode ocorrer em plena pandemia, com os impeditivos do universo virtual. Ainda mais tratando de uma proposta de privatização do hospital universitário.
Segundo a chapa 2, “não podemos discutir sem a participação da sociedade que vai ser impactada. Defendemos o debate, mas que não seja um debate de gabinete”. A chapa 2 se coloca frontalmente contra a privatização dos hospitais universitários por meio da Ebserh.
Outra divergência patente diz respeito a forma de organização das deliberações da base do sindicato. A chapa 1, enquanto gestão em 2015, implementou nas assembleias o “voto em urna”, como uma forma burocrática de deliberar as pautas da categoria de maneira pré-definida cindindo o momento de debate e discussão dos momentos de votação.
A chapa de oposição (2), aponta a necessidade de “recuperar o papel das assembleias que trazem a base para o debate político, para a formulação”. A chapa 2 nega essa forma que permite votar sem construir e se integrar no debate a ser votado. “É preciso recuperar essa paixão pelo debate, que não condicione a participação dos filiados apenas ao horário em que a urna está aberta”.
No que tange ao instrumento de greve, a chapa 1 compra o discurso dominante de que a greve do servidor prejudica “o povo pobre, trabalhador, que mais depende dos serviços públicos”.
Segundo a chapa de continuidade, mesmo com a deterioração das condições de vida da classe trabalhadora (inclusive dos servidores), que se arrasta há anos, a greve “não pode ser banalizado, como é a práxis da nossa chapa opositora”. Eles defendem que a greve seria último recurso para a categoria. A questão que fica é se há então algum outro recurso para usar que não um movimento grevista, afinal a história dos últimos anos no Brasil é a história das consecutivas derrotas da classe trabalhadora — o que fica claro com a série de reformas que foram aprovadas nos últimos anos.
A chapa 2 se coloca na defesa do instrumento de greve lembrando as conquistas da categoria através da luta. “Reconhecimento ao direito de greve, vagas para concurso, percentual de DE, titulação. Tudo isso foi ganho pela luta”.
Entre os pontos de divergência, está também o debate sobre a relação ou não com o Andes, sindicato nacional dos docentes.
A chapa de continuidade, em suas gestões e na campanha, defende um afastamento do Andes. Para isso, não colocou os grupos de trabalho para funcionar, instrumentos de base das deliberações do Andes.
A chapa 2, em oposição, defende a construção do sindicato nacional e sua estrutura democrática, de construir o debate e as deliberações pela base. Atualmente, o Andes é um dos maiores sindicatos combativos do Brasil.
Para acessar mais informações a respeito do processo eleitoral, clique aqui. As votações encerram na quarta-feira (15), às 21h. A apuração acontece na noite do próprio dia 15.