UFF deixa de chamar estudantes para preencher vagas remanescentes
300 vagas ficaram ociosas mesmo com estudantes na lista de espera para ingressar na universidade
Por Rita Pereira, redação do Universidade à Esquerda
08 de junho, 2021 20:52
Vestibulandos que aguardavam na lista de espera para o ingresso na Universidade Federal Fluminense (UFF) através da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foram surpreendidos com a notícia de que vagas remanescentes não serão preenchidas.
A decisão partiu da Coordenação de Seleção Acadêmica (COSEAC), com o aval da reitoria da universidade. Após o fechamento da segunda chamada, 300 vagas deixaram de ser ocupadas pela decisão de manter apenas duas convocatórias para a matrícula dos novos estudantes — cerca de 14% do total de vagas abertas para o ingresso no segundo semestre de 2021.
Após pressão dos estudantes, a UFF manifestou-se inicialmente alegando apenas que os editais previam somente duas convocatórias. Em vídeo na página oficial da UFF no Instagram, a pró-reitora de Graduação, Alexandra Anastácio, buscou responder às críticas dizendo que a abertura de novas chamadas atrasaria o semestre dos demais estudantes da universidade.
A justificativa oferecida pela UFF foi repudiada tendo em vista que, historicamente, os vestibulares geram diversas chamadas que, por vezes, estendem-se aceitando estudantes mesmo após o início das aulas, a fim de garantir que todas as vagas sejam ocupadas. Em outros semestres, a própria UFF fez convocatórias mesmo após o início das aulas.
O tema, ainda, foi pautado na reunião do Conselho Universitário (CUV) da última quarta-feira (2). Durante a reunião, a reitoria meramente argumentou que a manutenção de apenas duas convocatórias era uma questão de manutenção dos prazos do Ministério da Educação (MEC). Já o Diretório Central dos Estudantes (DCE) focou apenas em pedir que a reitoria divulgasse os dados sobre o número de vagas ofertadas e remanescentes.
Por meio do perfil no Instagram @cadeaminhavagauff, ações contra a decisão da reitoria têm sido tomadas pelos estudantes que foram deixados para trás. Além da pressão sobre o DCE para lutar ao lado dos estudantes pela abertura das vagas remanescentes, há também a movimentação de uma ação judicial contra a universidade para que permita que os estudantes possam ocupar todas as vagas que foram oferecidas no edital.
A redução da entrada de novos calouros é um grave precedente para que a universidade se feche nos seus momentos de crises orçamentárias. Uma luta consequente pela universidade pública não pode aceitar que esta instituição limite que cada vez mais estudantes possam desfrutar diretamente da vida universitária e de toda a sua estrutura.