J&J empurra venda de vacina descongelada para América Latina

Segundo o diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, a Johnson & Johnson (J&J) pressionou a América Latina a aceitar vacinas contra a Covid-19 descongeladas, que têm vida útil mais curta. A informação foi revelada pelo jornal Financial Times, do Reino Unido.

Depois de descongelados, os imunizantes devem ser utilizados em até três meses. Com isso, alguns países não conseguiriam distribuir essas vacinas antes de seu vencimento. Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) exige que o transporte seja feito com as vacinas congeladas, e a J&J estava pedindo que as doses fossem enviadas em temperatura de geladeira.

A Opas é o escritório regional da OMS para as Américas e lidera as negociações com a J&J para a entrega de vacinas por meio do Covax, o consórcio internacional que tenta garantir uma distribuição mais igualitária dos imunizantes entre os países.

Barbosa também disse ao Financial Times que as negociações seguem, que a Opas quer chegar a um acordo o mais rápido possível, mas que não é possível aceitar vacinas que não poderão ser usadas. Somente em certas circunstâncias se aceitaria remessas de 10% ou 15% com vida útil mais curta, mas não nesse caso.

A vacina produzida pela J&J foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março, para uso emergencial. Ela foi desenvolvida pelo laboratório Janssen, do grupo Johnson & Johnson. Esse imunizante envolveu testes clínicos realizados em diferentes países, inclusive o Brasil.

A autorização de uso emergencial para a vacina da J&J estipula que as doses devem ser entregues entre -25ºC e -15ºC, temperatura em que a vida útil é de dois anos. 

A empresa não respondeu às perguntas realizadas pelo jornal Financial Times. Em comunicado, a empresa informou que se comprometeu a distribuir 500 milhões de doses para os países mais pobres e que sua vacina, “de dose única e facilmente transportável, pode ser uma ferramenta importante na luta contra a Covid-19”.