Na última quarta-feira (21), milhares de pessoas se reuniram nas ruas da Colômbia em protesto às medidas do governo de Iván Duque. Os manifestantes se fizeram presentes em diversas cidades, como Bogotá, Medellín, Barranquilla, Cartagena, Buenaventura, Popayán, Valledupar, Ibagué, Cali, Pereira, Santa Marta, entre muitas outras.
O protesto foi convocado por sindicatos, movimentos sociais e entidades estudantis, que se reúnem no chamado Comitê Nacional de Greve. O motivo de ir às ruas foi de lutar contra a política econômica e social adotada pelo governo e contra a violência policial, paraestatal e do exército em diferentes regiões do país.
As mobilizações já ocorrem há um pouco mais de um mês, quando houve uma revolta na Colômbia por conta da brutalidade policial que levou à morte 13 pessoas.
O dia de greve nacional, nesta quarta-feira, reuniu indígenas, professores, estudantes e demais parcelas da população. Em Bogotá, cerca de 10.000 indígenas se fizeram presentes após se locomeverem desde o sudoeste do país, região que sofre grande violência repressiva.
A população indígena representa 4,4% dos 50 milhões de habitantes do país e faz parte da parcela mais pobre da população. Na segunda-feira (19), as comunidades originárias haviam se deslocado até a Praça de Bolívar, mobilização que é conhecida na Colômbia por “minga indígena”, para levar suas demandas ao governo de Duque. Diante da negativa do presidente em se reunir com eles, decidiram permanecer na capital para se juntar ao protesto nacional do dia 21.
As manifestações do dia 21 confluíram também com a dos trabalhadores da educação, convocados pelo Sindicato de la Federación Colombiana de Educadores (Fecode), que iniciaram na terça-feira (20) uma greve de 48 horas que reuniu 250 mil professores.
Os professores repudiam a volta às aulas no país, quando este se aproxima de alcançar um milhão de pessoas infectadas por Covid-19 e 30 mil mortos. Denunciam também a política do governo para a educação, o qual descumpriu acordos que previam maior investimento e qualidade para esta.
A população, além de rechaçar a violência policial, assassinato de líderes sociais e restrição das manifestações populares, vai às ruas denunciar a política econômica e social do Estado, que vem implementando reformas trabalhistas que aumentam ainda mais a precariedade do trabalho na Colômbia. Uma das medidas aprovadas, por exemplo, permite a contratação de força de trabalho por horas, além de negligenciar direitos referentes à garantia de educação, alimentação e lazer.
A crise econômica, junto à crise sanitária causada pela Covid-19, tem assolado a vida dos trabalhadores. De acordo com matéria publicada no Jornal La Izquierda Diario, se calcula que cerca de 4 milhões de pessoas perderam seu emprego nos últimos meses, levando a taxa de desemprego no país ao nível de 20%. Em algumas capitais, os níveis chegam a ser superiores a 30%, levando a uma situação de extrema pobreza que passa dos 35,7%, e que apenas se agrava com o avanço da crise capitalista.
As revoltas sociais no país ocorrem desde 21 de novembro de 2019, há quase um ano atrás, quando massivas manifestações sacudiram as ruas da Colômbia. Com a pandemia da Covid-19, os protestos haviam cessado, porém a população volta às ruas em luta contra a desigualdade social e violências do Estado.