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Opinião

Viva a Comuna!

151 anos da Comuna de Paris!
Imagem: Gravura “Vive la Commune!”
Por José Braga, redação do Universidade à Esquerda
18 de março, 2022 Atualizado: 23:13

Há 151 anos os trabalhadores erguiam a Comuna de Paris! A primeira experiência revolucionária da classe trabalhadora a conquistar o poder na luta contra o capital e pela construção do socialismo. Os 72 dias de Comuna são uma inspiração para os socialistas brasileiros e de todos os países! 

A luta dos Communards foi a primeira a demonstrar que os trabalhadores podiam vencer e que era possível tomar medidas concretas e simples para a construção do socialismo. A Comuna nos mostrou que a revolução não é algo distante e que está no alcance de nossas mãos!  É nossa tarefa manter viva a memória dos revolucionários de Paris, aprender com essa gigantesca iniciativa dos trabalhadores! E que para seu sacrifício não seja em vão, construir o que eles puderam apenas iniciar – construir a revolução com nossas mãos, em nosso tempo!

Marx, no calor dos acontecimentos entendeu o alcance da revolução dos trabalhadores parisienses e instou os trabalhadores de todo o mundo a defender a experiência da Comuna e extrair dela seus grandes ensinamentos (e são muitos!). Dedicamos aos 151 anos da Comuna, uma passagem marcante:

“A Comuna, exclamam, pretende abolir a propriedade, a base de toda a civilização! Sim cavalheiros, a Comuna pretendia abolir essa propriedade de classe que faz do trabalho de muitos a riqueza de poucos. Ela visava a expropriação dos expropriadores. Queria fazer da propriedade individual uma verdade, transformando os meios de produção, a terra e o capital, hoje essencialmente meios de escravização e exploração do trabalho, em simples instrumentos de trabalho livre e associado. Mas, isso é comunismo, o “irrealizável” comunismo! Mas, como se explica, então que os indivíduos das classes dominantes, que são suficientemente inteligentes para perceber a impossibilidade de manter o sistema atual – e eles são muitos -, tenham se convertido em apóstolos abstrusos e prolixos da produção cooperativa? Se a produção cooperativa é algo mais que uma fraude e um ardil, se há de substituir o sistema capitalista se a às sociedades cooperativas unidas devem regular a produção nacional segundo um plano comum, tomando-a assim sob seu controle e pondo fim à anarquia constante e às convulsões periódicas que são a fatalidade da produção capitalista – o que seria isso, cavalheiros, senão comunismo, comunismo “realizável”? 

A classe trabalhadora não esperava milagres da Comuna. Os trabalhadores não tem nenhuma utopia já pronta para introduzir par décrete du peuple (por decreto do povo) sabem que, para atingir sua própria emancipação, e com ela essa forma superior de vida para qual a sociedade atual por seu próprio desenvolvimento econômico tende irresistivelmente, terão de passar por longas lutas, por uma série de processos históricos que transformarão a circunstâncias e os homens. Eles não têm nenhum ideal a realizar, mas sim querem libertar os elementos da nova sociedade dos quais a velha e agonizante sociedade burguesa está grávida. Em plena consciência de sua missão histórica e com a heróica resolução de atuar de acordo com ela, a classe trabalhadora pode sorrir para às rudes invectivas desses lacaios com pena e tinteiro e do didático patronato de doutrinadores burgueses bem intencionados, a verter suas ignorantes platitudes e extravagâncias sectárias em tom oracular de infalibilidade científica.    

Quando a Comuna de Paris assumiu em suas mão o controle da revolução; quando, pela primeira vez na história,  os simples operários ousaram infringir o privilégio estatal de seus “superiores naturais” e, sob circunstância de inédita dificuldade, realizara seu trabalho de modo modesto, consciente e eficaz, por salários dos quais o mais alto mal chegava a uma quinta parte do valor que, de acordo com uma alta autoridade científica, é o mínimo exigido para um secretário de um conselho escolar metropolitano – então o velho mundo contorceu-se em convulsões de raiva ante a visão da bandeira vermelha, símbolo da república do trabalho, tremulando o Hotêl de Ville.”

(Karl Marx, A Guerra Civil na França)

O socialismo é realizável! Vamos construí-lo!
Viva a Comuna!

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