A Polícia Militar (PM) respondeu aos atos contra Bolsonaro, em Recife, com extrema violência. Dois homens perderam a visão de um dos olhos e pelo menos duas pessoas foram presas.
Em Recife, a manifestação ocorreu no período da manhã e se encerrou com bombas de gás lacrimogêneo, tiros de bala de borracha e dispersão violenta provocada pela PM. Pelo menos três pessoas foram socorridas para o Hospital de Restauração.
Dois homens foram atingidos por tiros de bala de borracha nos olhos, provocando lesões permanentes. Daniel Campelo da Silva, 51 anos, foi atingido no olho esquerdo e perdeu o globo ocular, além de ter sido atingido também nas costas. Jonas Correia de França, 29 anos, foi atingido no olho direito e, de acordo com sua esposa Daniela Barreto de Oliveira, a situação é irreversível.
Fotos e vídeos feitos durante a manifestação mostram Daniel Campelo ensanguentado com as mãos no olho atingido pelo disparo da polícia.
A truculência policial se iniciou já no final do ato, por volta das 11h30, quando os manifestantes foram surpreendidos por uma guarnição da tropa de choque da PM bloqueando a rua no final do trajeto. Os manifestantes pararam a cerca de 200 metros do bloqueio, porém os policiais avançaram com as bombas de gás.
A vereadora Liana Cirne (PT), ao tentar negociar com os policiais que estavam em uma das viaturas, foi atacada com spray de pimenta nos olhos.
Segundos antes do momento mais brutal da repressão, a PM realizou a prisão de pelo menos dois manifestantes, até onde se sabe. Afroito, artista de Recife, e sua amiga Maristella Lourenço foram arrastados e presos pela polícia.
Ao menos três policiais armados puxaram o artista pelos braços, enquanto ele gritava pedindo que o soltassem. Afroito relatou à mídia que foi detido após ele e Maristella se afastarem da manifestação para comprar cigarros.
“(…) Tinha a barreira da polícia, mas pensei que fosse para conter e nos proteger se algo saísse do controle, e o ato vinha pacífico. (…) Eu passei pela lateral da barreira policial e um PM já tentou me segurar. Outra policial me segurou e não vieram mais com respeito”, relatou ele ao G1.
Logo após, cerca de cinco policiais foram atrás dele e de sua amiga.
“Eu já estava numa distância já e vieram vários policiais para cima de mim, uns quatro ou cinco. As pessoas pediram para que eu corresse, mas eu sabia que, se eu corresse, balas de borracha poderiam ser desferidas contra mim e contra os outros. Por isso, eu só esperei”, relatou o cantor.
Por ter sido arrastado, Afroito teve ferimentos no pé e no lado direito do corpo, além de ter seus cabelos puxados pelos policiais. Tanto ele quanto Maristella pagaram fiança no valor de R$350 para serem liberados.
“Um entregador de aplicativo, que também estava lá, passou por uma situação ainda pior. Foi algemado com as mãos para trás e teve que tomar água como uma pessoa escravizada, colocaram na boca dele. Foi escorraçado. Ele chorava e os policiais fingiam que estavam chorando, rindo da cara dele. Comigo e com Maristella, isso não aconteceu”, afirmou Afroito.