Notícia
UENP cria jornal estudantil e denuncia ensino remoto na universidade
Jornal foi criado no dia 25 de junho e pretende debater as universidades brasileiras.
No dia 25 de junho, os estudantes da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) criaram um jornal intitulado “A Voz Estudantil”, um veículo de informação próprio dos discentes e que tem por objetivo apresentar os debates que aparecem a nível federal e estadual nas universidades do Brasil.
O jornal apresentou, até agora, debates contra o Regime Especial implementado na UENP, como está sendo chamado na universidade a adoção do ensino remoto nas atividades de ensino. Hoje a universidade completa um mês de aplicação de aulas e atividades no Regime Especial de Aprendizagem.
No dia 20 de maio, 2.136 alunos da UENP fizeram um abaixo assinado contra este Regime Especial de aulas online imposto pela direção da Universidade, pois, segundo eles, além da decisão ter ocorrido sem diálogo com os estudantes, irá prejudicar os que não tem acesso e precarizar a educação.
Segundo os estudantes, o ensino remoto já demonstra sua falha. No curso de Educação Física, os estudantes tiveram de realizar aulas práticas sem os devidos equipamentos e sem supervisão, o que acarretou problemas de saúde em alguns dos estudantes, confira o relato:
“Contrariando o estabelecido e votado em reunião no CEPE dia 21 de maio, os cursos de Educação Física do Centro de Ciências da Saúde do Campus de Jacarezinho, Agronomia e Ciências Biológicas do Campus de Luiz Meneghel em Bandeirantes, aplicam conteúdos práticos à distância.
Segundo os relatos, docentes teriam demandado a realização de atividades a partir da residência dos próprios estudantes. Estas atividades teriam de ser filmadas e as gravações, enviadas aos docentes. Foi relatado ainda que, no caso do curso de Educação Física do CJ, docentes encaminharam vídeos instrucionais do YouTube no lugar de qualquer tipo de supervisão das atividades.
Ademais, no curso de Educação Física- CJ, há relatos de alunos que já sentem dores na coluna lombar e cervical e em diversas regiões um desconforto, ocasionado pelas inúmeras tentativas de executar esse tipo de atividade remotamente. Vimos por meio desta lembrar o que não deveria ser esquecido: a supervisão de qualquer atividade prática visa, entre outras coisas, garantir que tal atividade seja realizada de forma não só correta, mas também segura para todos os envolvidos. Exigir atividades práticas sem supervisão, no melhor dos casos, leva a um aprendizado deficitário, e no pior leva a lesões e ferimentos, do próprio estudante ou de terceiros.
Vale ressaltar, que no Artigo 4° da Resolução N° 003/2020 – CEPE/UENP, fica categoricamente determinado que tais atividades práticas exigidas nos cursos citados não condizem com os componentes curriculares pressupostos no Regime Especial, isso se dá já devido às implicações futuras de tais práticas para os Estudantes.
Pedimos para que, os professores dos respectivos cursos, respeitem a decisão tomada pelo Conselho de Ensino da Universidade, e entendam os perigos dessa forma de metodologia, bem como se perguntem, qual profissional desejam formar quando aplicam essa prática sem supervisão, contradizendo assim a responsabilidade que alegam ter para com seus alunos.
Em virtude dos fatos mencionados, esperamos que as providências cabíveis sejam tomadas para o cumprimento do que está disposto na Minuta aprovada pelo CEPE sobre o Regime Especial e que estes alunos, sem excessões, não sofram nenhum acossamento por expressarem sua indignação e preocupação com a situação. A Voz traz hoje esta denúncia, de uma prática irresponsável e imoral, que mostra total descaso dos docentes tanto pelo aprendizado quanto pela integridade física dos estudantes. Com isso, queremos além de informar todo o corpo discente, que o corpo docente e a Universidade como um todo saiba que todos nós sabemos. Não passará em branco.”