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Entrevista

UàE entrevista embaixador de Cuba Adolfo Curbelo Castellano

Realizada no encontro preparatório para a XXVI Convenção Brasileira de Solidariedade à Cuba

Ricardo Stuckert/PR – Agência Brasil
26 de maio, 2023 Atualizado: 21:05

No dia 20 de maio, ocorreu em Recife a etapa preparatória da região Nordeste para a XXVI Convenção Brasileira de Solidariedade à Cuba que ocorrerá entre os dias 08 à 11 de Junho em Belém do Pará. 

Na reunião preparatória houve um grande número de militantes de diversos estados da região que lotaram a sala de conferência do Centro Cultural Manoel de Lisboa. Dentre os diversos participantes, a reunião contou com a presença do embaixador cubano Adolfo Curbelo Castellano que traçou um panorama das lutas e conquistas de seu país.

Durante a reunião, foi feita uma análise da atual situação de Cuba frente aos ataques do grande capital, mais especificamente do imperialismo estadunidense. Também foi explicitada a importância da rede de apoio internacional para a sobrevivência e manutenção da experiência cubana. Após as falas de análise, os comitês dos diversos estados presentes encaminharam diversas ações conjuntas para fortalecer regionalmente a rede de solidariedade à Cuba. Dentre as diversas ações, um dos pontos mais discutidos foi a criação de um centro cultural Brasil-Cuba no país caribenho e também no Brasil.

Durante a cobertura do evento, realizamos uma entrevista com o embaixador Adolfo Curbello no qual transcrevemos a seguir:

Jonathan Faria: Olá a todos e todas do Jornal Universidade à Esquerda, aqui é o Jonathan Faria, sou correspondente do jornal aqui em Pernambuco e também estou cobrindo um evento da matéria. Estou aqui com o Embaixador Adolfo Curbelo, embaixador de Cuba que vai responder algumas perguntas para o jornal. Embaixador, quais são os principais desafios, na sua perspectiva, para a manutenção da Revolução Cubana hoje?

Adolfo Curbelo: Mais que os desafios, eu penso que o mais importante é manter a conquista da Revolução em todos os âmbitos: sociais, econômicos, de justiça social; e adaptar naturalmente às novas circunstâncias que existem no mundo e em Cuba.

Por exemplo, acabou de ser aprovado, há muito pouco tempo, uma nova constituição em Cuba. Aprovamos também recentemente um novo Código da Família, em Cuba, que ajusta, que reflete as mudanças que ocorreram na família cubana, que inclui casamento igualitário, inclui as famílias monoparentais, as opções, etc… É um instrumento que avança muito e que toca praticamente todos os âmbitos da vida do país.

Então a revolução é um processo também constante de atualização e é necessário mudar, como dizia Fidel, tudo o que precisa ser mudado. Esse é um processo constante de trabalho, de consulta, de diálogo, de trocas, de participação. E tudo isso em meio a uma guerra econômica, brutal, criminosa, que faz o governo dos Estados Unidos contra Cuba, com um bloqueio que dura mais de sessenta anos que é um genocídio, que está de acordo a concepção de um genocídio mesmo, e que agora inclusive inclui a declaração de Cuba como um país patrocinador do terrorismo que é, não só uma aberração, mas também uma fraude terrível, que recebeu uma oposição da maioria da comunidade internacional. 

Mas em meio a essa situação absolutamente hostil, que coloca os Estados Unidos ao povo de Cuba, em meio a todas essas políticas criminosas do bloqueio, Cuba também avança em melhorar seu sistema de justiça social, a participação popular, atualizar e mudar tudo o que precisa ser mudado.

Jonathan Faria: Nós somos um jornal socialista e a gente está nessa luta, o imperialismo ainda é um agente, a gente ainda não conquistou nossa libertação nacional, nem o socialismo aqui no Brasil. O que você diria para nossos leitores no Brasil, que são militantes socialistas? Você teria alguma mensagem para essa militância a nível nacional que consome o jornal?

Adolfo Curbelo: Bom, as ideias do socialismo estão vigentes, as ideias do socialismo são válidas e eu creio que uma parte importante do pensamento mais progressista, mais revolucionário se identifica e é marcadamente socialista.

Há toda uma fundamentação científica, filosófica, grandes pensadores e também há experiências de países que abraçaram o socialismo, algumas experiências fracassaram e outras experiências continuam. Não há uma fórmula única, nem há uma experiência definitiva. Todos os países encontram uma expressão própria, uma maneira singular ajustada à sua própria realidade, às características do país. 

Então não existe um dogma, uma ideia única, pré-estabelecida, é necessário estar em permanente busca, evolução, mudança, transformação, busca da justiça social permanente, aumento da felicidade das pessoas. Então é o que eu posso dizer de forma muito geral. Não existe uma resposta única, nem nós muito menos. Nós temos nossas experiências, e não cremos que nossa experiência seja, digamos, reproduzível ou replicável em nenhuma parte. O único que pedimos é respeito à Cuba e à decisão do povo cubano, em exercício do seu direito à livre determinação. Mas me parece que as ideias gerais de busca de justiça social, de aspirar a um mundo melhor, de reduzir a pobreza, de eliminar a marginalidade, de fornecer assistência social e saúde pública, gratuita e de qualidade para todos, o acesso à educação gratuita, e universal e legal para todos, são ideias justas que preservam absolutamente seu valor no mundo que vivemos. 
Jonathan Faria: Queria agradecer em nome do Jornal Universidade à Esquerda. Cuba inspirou e ainda inspira os militantes do Brasil.


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