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Reitoria da Unicamp demite trabalhador terceirizado por falar na Assembleia Universitária

Por Luiz Costa, redação do Universidade à Esquerda
19 de outubro, 2019 Atualizado: 20:17

Na terça-feira (15), a comunidade universitária da Unicamp reuniu-se em assembleia extraordinária com mais de 8 mil pessoas. Apesar da participação histórica, o espaço se limitou a criar uma boa imagem da universidade o do reitor, Marcelo Knóbel, aprovando uma moção à favor da autonomia universitária. Dias depois, Sidney Silva, trabalhador terceirizado, foi demitido por criticar a demissão em massa de terceirizados do Restaurante Universitário.

Nesta sexta-feira (18), Sidney recebeu uma carta de demissão que alega justa causa por “ato de indisciplina ou de insubordinação”. Ao passo que acontecia a enorme assembleia da Unicamp, a universidade anunciava a demissão de 330 trabalhadores terceirizados do RU, alegando que teria sido encontrado um erro na licitação de tais contratações.

Na assembleia, os alunos passaram sua fala ao trabalhador terceirizado Sidney, também membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que expôs o papel contraditório da reitoria que se reivindicava democrática ao mesmo tempo que colocava 330 trabalhadores na rua. O terceirizado ainda chamou os estudantes para promover um ato contra esse ataque, sugerindo um pula-catraca no RU como forma de protesto – uma forma muito usada no movimento estudantil da Unicamp.

Na quarta-feira (16), Aldo, trabalhador terceirizado da UFRN, foi encontrado morto na reitoria. Seu corpo foi encontrado no prédio no dia seguinte a sua morte. No final de julho, a UFRN demitiu 70 trabalhadores terceirizados, o que infringe uma sobrecarga de trabalho aos que permanecem empregados.

Na UFSC, o número de terceirizados caiu para a metade em quatro anos. Só em 2019, 95 terceirizados foram demitidos. Na greve estudantil da UFSC, findada nesta quinta-feira (17) após 37 dias, uma das reivindicações era a recontratação imediata dos trabalhadores demitidos.

Devido a demissão política na Unicamp, os estudantes estão chamando assembleia extraordinária na semana que vem, com pauta única: situação dos trabalhadores terceirizados; na próxima terça-feira, 22/10, às 17:30.

Confira abaixo nota do sindicato dos trabalhadores e da Associação de pós-graduação da Unicamp.

Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp repudia a demissão política de Sidney Silva

A direção do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp repudia demissão do trabalhador Sidney Alex da Silva. Funcionário contratado pela Funcamp, trabalha no restaurante universitário e foi demitido por justa causa sob alegação insubordinação e indisciplina no dia de hoje (18). Alex foi protagonista de uma fala na Assembleia Universitária contra a demissão de 330 funcionários terceirizados que pode ocorrer nas próximas semanas.

O STU interpreta essa demissão como perseguição política com o intuito de desmobilizar e coagir os trabalhadores que queiram participar da luta pela garantia dos seus direitos trabalhistas.

Pontuamos que um espaço democrático universitário não pode tolerar esse tipo de coação e intimidação aos trabalhadores representados na figura do companheiro Alex e exigimos a sua reintegração.

Para além, repudiamos toda a forma de precarização do trabalho sacramentada no processo de terceirização e cobramos da gestão de Marcelo Knobel que se responsabilize pelo ato de assédio imposto ao trabalhador.

APG Central da UNICAMP repudia demissão política de terceirizado que falou em assembleia

O dia 15 de outubro ficou marcado na história da Unicamp, pois aconteceu uma assembleia extraordinária de toda a comunidade universitária. A principal preocupação da reitoria foi mostrar para a sociedade o ambiente de diversidade da Unicamp e exaltar o respeito à pluralidade de ideias. No entanto, por trás dessa fachada, vem se desenrolando uma situação muito grave: a perspectiva de demissão de 330 funcionárias/os terceirizadas/os. Apesar dos pedidos da APG, DCE, Adunicamp e STU para que essas/es funcionárias/os fossem liberados de seu expediente para participar da assembleia, afinal, também são parte da comunidade universitária, a reitoria disse que não poderia fazer isso.

Sidney, um funcionário terceirizado, falou na assembleia e expôs a situação pela qual as/os terceirizadas/os vêm passando. Ele contou com o apoio de toda a plenária da assembleia e sugeriu um pula-catraca no RU como forma de protesto – uma forma muito usada no movimento estudantil. Entretanto, hoje veio a notícia de sua demissão por “justa causa”, por “ato de indisciplina ou de insubordinação”. É um absurdo que a reitoria tente passar uma imagem de democracia e respeito às opiniões e puna um funcionário que fez uma fala em sua assembleia histórica!

Não podemos nos calar diante desse autoritarismo, precisamos nos unir em apoio às/aos terceirizadas/os e não podemos aceitar a punição do Sidney! É importantíssimo que o movimento estudantil se junte contra isso, por isso chamamos todas e todos para uma assembleia extraordinária na semana que vem, com pauta única da situação das/os funcionárias/os terceirizadas/os, na próxima terça-feira, 22/10, às 17:30!


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