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Recorde de pobreza nas metrópoles brasileiras

Protesto contra a fome em São Paulo em abril de 2022 – Chokito/Divulgação
Por Gustavo Bastos, redação do Universidade à Esquerda
08 de agosto, 2022 Atualizado: 20:50

São 19,8 milhões de pessoas vivendo com menos de R$ 465 mensais nas metrópoles brasileiras. Esse é o dado que o 9º Boletim Desigualdade nas Metrópoles traz para o ano de 2021. O Boletim é produzido em parceria entre PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Observatório das Metrópoles e RedODSAL (Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina). Além das 19,8 milhões de pessoas vivendo na pobreza, cerca de 5,3 milhões de pessoas vivem em extrema pobreza, ou seja, com menos de R$ 160 mensais. O que representa 6,3% da população.

Segundo o Boletim, 19,8 mihões de pessoas representam 23,7% da população total dessas regiões, quase um quarto da população. O nível é o maior, com folga, de toda a série histórica produzida, que nunca havia alcançado os 20%. O gráfico mostra a série histórica produzida desde 2012 até 2021. Em relação a 2014 houve um incremento de 7,2 milhões de pessoas em situação de pobreza, naquele ano a parcela da população nessa situação era de 16%.

O Boletim Desigualdade nas Metrópoles pode ser acessado na íntegra aqui.

O resultado pode ser atribuído à política econômica, à elevação da inflação, do preço dos combustíveis, dos alimentos, dos remédios. Segundo pesquisa do preço da cesta básica elaborada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em todas as cidades pesquisadas no período, a elevação do preço da cesta básica foi maior que a inflação, medida pelo IPCA. Isso significa que os itens básicos de sobrevivência, representados pela valor da cesta básica, tem aumento de preços mais significativos que os itens em geral, afetando especialmente a parcela mais pobre da população.

O Boletim Desigualdade nas Metrópoles também nos traz dados sobre o rendimento médio nas metrópoles:

“O rendimento médio para o conjunto das Regiões Metropolitanas, em 2021, alcançou o menor valor da série histórica: R$ 1.698. O mesmo ocorreu com os rendimentos médios segundo os estratos de renda: os 10% do topo da distribuição apresentaram rendimento médio de R$ 7.582,75, o estrato dos 50% intermediário apresentaram rendimento médio de R$ 1.562,55 e o estrato dos 40% na base da distribuição de renda apresentaram rendimento médio de R$ 396,10.”

Vale ressaltar que o resultado do Boletim inclui outras fontes de rendimento e não são só dos trabalhadores ocupados no período, é calculado a partir da renda domiciliar per capita. Entre as fontes de renda, inclui, por exemplo, aposentadorias, seguro desemprego, benefício de prestação continuada (BPC), Bolsa-Família, Auxílio Emergencial e Auxílio Brasil, entre outras fontes.

Todas essas informações apenas nos indicam a grave situação pela qual a classe trabalhadora passa no Brasil, onde a degradação das condições de vida são reais e urgentes.


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