O número de trabalhadores da educação desligados por razão de morte aumentou em 128% nos primeiros quatro meses de 2021, em comparação com o mesmo período em 2020. Os dados fazem parte de pesquisa realizada e divulgada pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) essa semana.
Foram 1.479 desligamentos por morte na área da educação entre janeiro e abril. No mesmo período do ano passado, o número de mortes era de 650. O setor da educação correspondeu a 4,2% dos desligamentos por morte no país neste período.
Dentre os trabalhadores da educação, os professores foram os mais afetados, correspondendo a 612 mortes em 2021, de acordo com a pesquisa. Os trabalhadores de serviços (como faxineiros, porteiros, zeladores e cozinheiros) foram os segundos mais afetados, com 263 desligamentos por morte.
O crescimento do número de mortes entre trabalhadores da educação corresponde ao mesmo período de aumento de mortes por Covid-19 no país, sendo que passamos por um momento de acirramento da pandemia no início deste ano, ultrapassando a marca de 4.000 mil mortos por dia e o número de meio milhão de mortos desde o início da pandemia.
O DIEESE realizou uma análise por estados, na qual Rondônia, Amazonas e Mato Grosso obtiveram os maiores números de desligamentos por morte. Esses três estados foram também os que marcaram as maiores taxas de mortalidade por Covid-19 até junho deste ano. Em Rondônia, o aumento de desligamentos por morte de trabalhadores da educação foi de 1.600% (17 contra 1 no mesmo período em 2020); no Amazonas o aumento foi de 925% (41 casos contra 4); e em Mato Grosso 525% (25 casos contra 4).
Em números absolutos, o estado de São Paulo possui o maior número de mortos na área da educação entre janeiro e abril de 2021, contabilizando 531 casos contra 210 no mesmo período do ano passado (aumento de 153%). No Rio de Janeiro, segundo estado com maior número absoluto de desligamentos por morte, houve 185 casos contra 107 (aumento de 73%). Em terceiro lugar, fica Minas Gerais, com 121 casos contra 81 (aumento de 49%).
Em uma análise feita no estado de São Paulo, divulgada em abril, foi apontado que aqueles professores que trabalharam presencialmente nas escolas durante a pandemia tiveram risco quase três vezes maior de contaminação do que a população em geral da mesma faixa etária. A pesquisa foi desenvolvida através do monitoramento de 299 escolas por pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo (IFSP).
O resultado mostrou que, no período analisado, a incidência de casos de Covid-19 dentre os professores de 25 a 59 anos cresceu em 138%, enquanto na população de mesma faixa etária no estado de São Paulo o aumento foi de 81%
Passados mais de 15 meses após o momento em que as escolas foram fechadas pela primeira vez, em março de 2020, os estados ainda apresentam grandes falhas nos protocolos de biossegurança para os retornos presenciais, colocando em risco a vida dos trabalhadores e estudantes.
Dessa forma, as crianças e jovens ficam a mercê de uma educação ainda mais precária e os professores sob regimes de trabalho ainda mais destrutivos na modalidade a distância; sendo a única outra “alternativa” colocar suas vidas em risco. Em meio a essa encruzilhada, segue-se perdendo a vida de trabalhadores da educação.