O general da reserva Joaquim Silva e Luna tomou posse da presidência da Petrobrás na última segunda feira (19), assumindo o lugar de Roberto Castello Branco, substituído pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro.
Apesar do fuzuê feito pelo presidente Bolsonaro na troca de comando da Petrobrás, o novo presidente da estatal vem afirmando que tem a intenção de prosseguir com o plano estratégico elaborado pela gestão anterior, com a paridade internacional de preços e também de priorizar as privatizações.
No seu discurso de posse, Silva e Luna afirmou que continuará “respeitando a paridade internacional”. Ou seja, definindo o preço de venda para as refinarias seguindo, entre outras coisas, a cotação do dólar. Essa política tem causado sucessivos aumentos do preço dos combustíveis nos postos e foi motivo de revolta dos caminhoneiros em fevereiro. Para acalmá-los, Bolsonaro promoveu uma mudança na presidência da Petrobras, mas a política continuará a mesma. Silva e Luna também reiterou a importância de garantir proteção aos acionistas.
O ministro de Minas e Energia, o almirante da reserva Bento Albuquerque, afirmou no mesmo evento que as vendas de ativos da Petrobras têm sido um “sucesso” e são importantes também para promover a competição no setor.
Porém, um estudo elaborado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) demonstra a possibilidade de que, com a privatização das refinarias, formem-se monopólios regionais de empresas privadas, contradizendo o discurso do governo de que a privatização aumenta a competitividade.
Além disso, conforme coluna de Allan Kenji neste jornal:
Vale destacar que além dos problemas inerentes à perda de controle sobre as refinarias, a análise realizada pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) denunciou que a Petrobras negociou a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, pela metade de seu valor estimado de mercado. Segundo o Ineep, a refinaria estaria avaliada em aproximadamente US$ 4 bilhões e a Petrobras aceitou receber US$ 1,65 bilhão.
O início da gestão Silva e Luna foi avaliado como “amigável para o mercado” por analistas do Credit Suisse, do Bradesco BBI e do Morgan Stanley. Mas eles afirmam que Silva e Luna deve ser cuidadosamente observado, pois para eles o mais importante é a manutenção da política de preços da Petrobrás, que tem possibilitado que as refinarias privatizadas possam colocar a própria Petrobras em competição com outras indústrias de extração de óleo bruto, aumentando a participação privada no setor e auferindo grandes lucros aos acionistas às custas da classe trabalhadora.